terça-feira, 18 de dezembro de 2007

SAÚDE E CIDADANIA

- Vivemos em uma época de transição de pensamentos, de novos costumes impostos pela globalização capitalista e de pouca valorização pela vida. O pior é a ampliação da falta de humanização e o despreparo profissional por parte de pessoas ligadas a saúde. São elas que estão a lidar com o dom precioso da vida e a preservação da saúde que deveria de ser com qualidade.

- Nos dias de hoje para a preservação da saúde e da própria vida, o cidadão tem que ter discernimento, criticidade e conhecimentos de áreas vitais da nossa pérfida sociedade excludente/individualista e entre essas áreas está o CONHECIMENTO BÁSICO DOS DIREITOS DO CIDADÃO QUANDO SE TORNA PACIENTE DE MÉDICOS, DE HOSPITAIS PÚBLICOS E PRIVADOS. CONHECIMENTOS APROFUNDADOS SOBRE O PLANO DE SAÚDE QUE ESCOLHEU. SE EXISTE PROCESSOS JURÍDICOS CONTRA A EMPRESA FORNECEDORA DOS SERVIÇOS PARA QUE NÃO TENHA SUPRESAS DESAGRADÁVEIS NO MOMENTO EM QUE FOR NECESSÁRIO UTILIZAR DOS SERVIÇOS DE SAÚDE OFERTADOS.

- Tenho experiências ocorridas na própria família e graças à aquisição de conhecimentos, poder interpretativo e criticidade, em várias ocasiões conseguimos escapar de prováveis erros médicos. Muitas pessoas, infelizmente, não tiveram a mesma sorte. Perderam as suas vidas ou ficaram com seqüelas irreversíveis para o resto de suas vidas.

- Felizmente temos pessoas que não aceitam passivamente os “ERROS MÉDICOS” e passam a combater efetivamente os profissionais que agiram e agem com NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA.

- Entre os que não aceitam essas graves falhas, alguns são profissionais da própria área da saúde. O médico brasileiro e escritor Nelson Senise, indignado com o rumo que a Medicina estava tomando nos idos anos 80 publicou os livros “MEDICINA PROSTÍTUIDA”, “MEDICINA E IMPUNIDADE” e “O SUBMUNDO DA MEDICINA”, onde denuncia a má formação de vários profissionais da Medicina, erros escabrosos na administração de medicamentos e diagnósticos totalmente falhos. O Dr. Senise faleceu aos 82 anos de idade em 2001 e sempre foi um crítico do mercantilismo, da falta de humanismo e denunciou muitos planos de saúde que seriam uma verdadeira arapuca para incautos. Particularmente, analisando aquela época para a atual, em minha opinião, a situação só piorou e muito.

- O médico inglês e escritor Vernon Coleman[1], conhecidíssimo na Europa, também tem alertado para a má formação dos acadêmicos de Medicina e enfermeiros. Divulgou uma pesquisa que quando os médicos entram em greve as taxas de óbito diminuem sensivelmente. Escreveu mais de noventa livros, e entre os quais, um possui o título bem sugestivo: “COMO EVITAR QUE O MÉDICO TE MATE”. É interessante reparar que as suas obras são pouco divulgadas no Brasil que por acaso é a terra de grandes trustes farmacêuticos. Será que existe interesse na divulgação dos seus livros no Brasil?

- O advogado e médico Jorge Ribas Timi publicou em 2005 o seu livro “DIREITOS DO PACIENTE” que traz um cabedal de conhecimentos de defesa para a preservação dos direitos do cidadão quando necessitar de tratamento de saúde.

- A divulgação de todos esses livros, em um país avesso a leitura, é uma questão de cidadania.

- Nesta luta pela verdade e justiça, também temos alguns cidadãos que mantém sites na Internet. Entre os quais temos o de Rosemary Kossmann Lutzer[2], Edegar Samuel Lutzer[3] e o Instituto Enzo Assugeni[4]. Instituição internacional fundada após o óbito de uma criança de quatro meses por ERRO MÉDICO.

- Infelizmente não temos uma legislação específica para a defesa do paciente, mas temos inúmeros textos legais auxiliares e entre os quais a Constituição Federal, o Código de Defesa do Consumidor, o Código Civil, o Código Penal, jurisprudência, o Código de Ética de Enfermagem, o Código de Ética Médica etc.

- No Senado Federal, o Senador Pedro Simon vendo a necessidade de uma lei específica elaborou o projeto[5] de lei SF PLS 00101/2005 DE 07/04/2005 sobre os direitos do paciente que tramita desde 2005. Esperamos que esse projeto de lei seja aprovado e não engavetado como tantos outros de grande interesse público, que sofreram a influência de lobbies de grupos poderosos contrários.

- No site do Instituto Enzo Assugeni está disponível gratuitamente para download o MANUAL DO PACIENTE”. “ É um excelente documento elaborado por especialistas no assunto que servirá para alertar e orientar o cidadão em busca de conhecimentos para a sua proteção e de seus familiares contra a negligência, imperícia e imprudência dos maus profissionais da área da saúde.

- Nos últimos anos o número de erros crassos entre médicos vêm aumentando[6]. Isso denuncia que a formação dada por algumas Instituições de Ensino Superior (IES), principalmente das privadas que, infelizmente, é maioria em nosso País vêm apresentando muitas falhas. Existe a necessidade de se rever o conhecimento por parte desses estabelecimentos de ensino com a máxima urgência, bem como a humanização, respeito, amor e dedicação para com a profissão voltada para a saúde do cidadão brasileiro. É necessária uma depuração desses estabelecimentos de ensino superior e a proibição de abertura de outros com intuito apenas de lucro fácil. Isto compete a um governo de justos e não de hipócritas adeptos da doutrina de Maquiavel.

- Por outro lado, o direcionamento de muitos jovens para a Medicina é por puro Status e por acharem que os salários são atraentes. Muitos não possuem o menor dom para exercer a profissão de médico ou de enfermeiro. Tornam-se frios, desumanos e muitos passam a sofrer de distúrbios provocados pelo stress da realidade financeira e do quadro caótico da saúde no Brasil que os leva, em alguns casos, a triste escolha de ter que escolher quem deve viver e quem deve morrer.

- Isto posto, nos daremos por muito satisfeito se o texto apresentado conseguir alertar as pessoas que passam por aqui, bastando que apenas uma consiga ter evitado um ERRO MÉDICO ou que tenha servido de impulso para buscar através da via judicial a indenização por danos morais e, sobretudo, a punição eficaz do mau profissional. É importante que seja denunciado para a imprensa os profissionais da área de saúde e hospitais que, comprovadamente, tenham agido com omissão, negligência, imprudência e imperícia.



sábado, 8 de dezembro de 2007

SEXO, CRIME E VATICANO

Sexo, crimes e Vaticano (Sex crimes and the Vatican): um documentário da BBC de Londres divulgado no Brasil pela TV Record.



- Define-se pedofilia como uma perversão que leva o indivíduo, em fase adulta, a se sentir sexualmente atraído por crianças e pratica com ela estimulação genital, carícias sensuais, coito etc. Tais atos deixam marcas irreversíveis na vida de uma criança e em alguns casos pode até ocorrer suicídios. Na vida adulta poderá necessitar de tratamento especializado para superar o trauma de ter sido abusada em uma fase tão inocente da sua vida.

- A BBC de Londres teve a intrepidez de mostrar o lado obscuro dos pedófilos da Igreja Católica Apostólica Romana. Em alguns países a divulgação do vídeo foi proibida.

- No Brasil a TV Record teve o denodo e a decência de divulgar no Domingo Espetacular o documentário da BBC que conta histórias de padres pedófilos e inclusive de um brasileiro. Mostra o acobertamento dos crimes pela Igreja Católica Apostólica Romana através de um documento – chamado "Crimen Sollicitationis" - assinado pelo então Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI. Ainda como Cardeal ameaçou com excomunhão quem denunciasse os padres pedófilos que tivessem abusado de criancinhas e adolescentes.

- Não podemos nos esquecer que os pedófilos estão entranhados em várias organizações civis e religiosas e não apenas na instituição católica. Em muitos casos o pedófilo é alguém bem intimo da própria família.

- Veja as denúncias sobre os religiosos que estão envolvidos com abusos de criancinhas e adolescentes no site do YouTube, pois a Igreja Católica poderá tentar impedir a sua divulgação a qualquer momento:

VÍDEO DA TV RECORD PASSADO NO DOMINGO ESPETACULAR

Parte 1: http://br.youtube.com/watch?v=cIRpGLVvXMY&feature=related
Parte 2: http://br.youtube.com/watch?v=HBnXH9HWRHE
Parte 3: http://br.youtube.com/watch?v=T11c5M_QLBo
Parte 4: http://br.youtube.com/watch?v=TVRyX8Vx1Hw


VÍDEO ORIGINAL DA BBC DE LONDRES COM LEGENDAS EM PORTUGUÊS

Parte 1: http://br.youtube.com/watch?v=dSeroPHcWZw
Parte 2: http://br.youtube.com/watch?v=ODIn5AlEKLA&feature=related
Parte 3: http://br.youtube.com/watch?v=BEb6b5IqhEk&feature=related
Parte 4: http://br.youtube.com/watch?v=V4HXTTUidMM&feature=related




quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

ABUSOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. ATÉ QUANDO?

- É lastimável que o desaparecimento de crianças esta a aumentar cada vez mais em todo o território nacional. A situação dos pais é de extrema angustia e impotência, principalmente dos que pertencem a uma condição social baixa.

- Parte dessas crianças desaparecidas irão alimentar redes de tráfico de prostituição infantil e outras sofrerão abusos por funcionários do poder estatal de segurança.

- O blog http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com vem publicando sistematicamente denúncias escabrosas sobre o abuso de crianças e adolescentes. Infelizmente boas partes dos abusos descobertos acabam sendo acobertados, ou quando ocorre algum processo judicial a punição é branda. Existe a disposição dos advogados uma infinidade de recursos que acabam protelando a sentença final por vários anos. Quando condenados, por força de vários benefícios estipulados em lei, em pouco tempo os pedófilos e estupradores estarão de volta às ruas e naturalmente tomarão mais cuidados para não serem descobertos.

- A frase de Plauto “Homo homini lúpus” (O homem é lobo para o homem), aceito por alguns e praticado por muitos, ficou estampada no caso da menina miserável, menor de idade, estuprada por vários encarcerados e que trocava sexo por comida, quando estava trancafiada junto com dezenas de homens em uma delegacia de Abaetetuba no Pará. É obvio que os zelosos funcionários policiais do bem estar social e da segurança, incluindo os de formação de nível superior, se divertiram muito com as cenas pérfidas que lá ocorreram. Ou será que eles não sabiam do que estava ocorrendo? Qual o fundamento para que esses funcionários da segurança agissem dessa maneira tão aviltante?

- Na realidade o que ocorreu é apenas uma pontinha do Iceberg. A situação é pior do que se imagina. As autoridades só começaram a dar algum crédito, quando as denúncias caíram na mídia internacional. Até o presidente Lula fez comentários, como se ele não soubesse do que está ocorrendo dentro desses “chiqueiros prisionais” destinados a “pobres”, “pretos” e “putas” de pouco preço. Vamos ver se daqui a alguns meses alguém vai se recordar do ocorrido com a menor adolescente, e diga se de passagem, excluída e sem perspectivas de um futuro decente.

- Pelo sucintamente exposto, que sirva de alerta aos pais, principalmente aos mais pobres, pois os filhos desses são os alvos preferenciais dos grandes trustes pedófilicos internacionais e nacionais, que vêm muito lucro nessas terras arrasadas pela falta de cidadania, moral e ética social. Aqueles que se interessarem pela segurança de seus filhos vejam a matéria publicada neste blog: "ONDE ESTA O MEU FILHO? INFÂNCIA PROSTITUÍDA" e "CRIANÇAS: PRESAS FÁCEIS PARA OS PEDÓFILOS". Façam uma visita ao blog "diga não a erotizacao infantil". Após tirem as suas conclusões, façam as suas críticas e principalmente dêem mais atenção aos seus filhos, naquilo que eles estão vendo pela mídia televisiva, pela Internet, nas ruas, na escola e principalmente com adultos bem formados e de bom nível social que utilizam vários artifícios para seduzi-los. Façam a parte de vocês!

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

DO CAOS PARA O CAMINHO DO MEIO. AINDA TEMOS TEMPO?

- A verdadeira visão da complexibilidade da teia da vida no planeta poderia fazer com que a espécie que se julga dominadora acordasse do sono letárgico e reformulasse boa parte dos paradigmas falhos e fragmentados que serviram para impulsionar, através da violência, a espécie humana até agora.

- A terra (Gaia) não é o centro do universo como alguns, que se diziam enviados por um Deus, queriam que fosse a pouco mais de 300 anos. Esse absurdo científico e outros tantos foram convertidos em dogmas religiosos, proporcionando um descomunal atraso intelectual para toda a humanidade. O cientista Galileo Galilei quase morreu queimado nas mãos de seus algozes e Giordano Bruno não teve a mesma sorte. Ambos contrariaram paradigmas obscurantistas e foram condenados pela ousadia.

- Apesar de todas as perseguições feitas a Ciência, mesmo fragmentada, evoluiu e hoje temos uma concepção de que a vida não pode ser reduzida a uma simples equação matemática ou a algum conceito religioso simplório. É lastimável que muitos ainda pensem de maneira tão obscura como os poderosos da Idade Média e não tenham uma visão real da importância da vida, não apenas a da espécie humana, mas de todos os seres viventes deste orbe planetário e, por lógica, a de outros mundos.

- Dentre os humanos, poucos têm a consciência de que estamos em uma fase de degeneração social globalizada acentuada, pois poucos controlam a maioria e impõe a força um estilo de sociedade deletéria que não enxergam a complexa teia de vida/morte/regeneração/vida, da qual todos os seres viventes estão intrinsecamente ligados uns aos outros, independente de suas vontades.

- A espécie humana já extinguiu milhares de outras espécies e atualmente existem mais algumas centenas em vias de extinção. Simplesmente estão acelerando acontecimentos climáticos, destruindo as florestas e os mananciais de água. Isto iria um dia ocorrer de maneira natural, no decorrer de alguns milênios, seguindo o estipulado por uma engenharia cósmica.

- A teia da vida está sendo rompida antecipadamente por atitudes incônscias centradas no fundamentalismo religioso e econômico, no poder, na riqueza para poucos, dentro de um modelo social predador que explora a maioria, não respeita a terra que produz os alimentos e polui com os seus dejetos a própria água que mantém vivos os integrantes deste modelo social.

- A espécie humana poderá desaparecer bem antes do que se imagina, pois tudo que ela criou contrariando o caminho natural das coisas, inevitavelmente voltará contra ela própria. O próprio planeta (Gaia) possui as suas defesas contra a ação deletéria de algumas espécies e por enquanto os avisos ambientais estão se multiplicando dia após dia.

- A própria sociedade humana se perde em um labirinto caótico em busca da satisfação de desejos ilusórios que deixam claro o aspecto doentio da maioria das mentes dos incluídos e excluídos desta sociedade irracional. Suas cidades refletem o desequilíbrio do povo com a crescente criminalidade em todas as classes sociais, promiscuidade, individualismo em detrimento do coletivo, drogas, ambientes artificiais, degenerescência galopante dos seus líderes políticos e instituições, falta de ética e falta de moral. As cidades estão se transformando em pântanos fétidos onde até mesmo a flor de lótus terá dificuldades de nascer.

- A Ciência evoluiu rapidamente nos últimos 100 anos, mas infelizmente a moral da espécie humana seguiu de maneira muito lenta. As conseqüências estão ai expostas: Novas armas de destruição e entre as quais vírus mutantes, surgimento dos transgênicos que, sem um estudo aprimorado dos efeitos colaterais de alguns produtos, já fazem parte do cardápio diário das famílias. Ainda o surgimento de novas doenças e o ressuscitamento de outras para a alegria mórbida de muitos trustes farmacêuticos que apenas visam o lucro.

- Qual seria a solução? A solução poderá ser imposta a ferro e fogo para o retorno do equilíbrio perdido. A sociedade humana terá a sua chance, pois à medida que o caos climático acentuar-se e as cidades se transformarem em verdadeiros hospícios, os prováveis novos dirigentes cônscios terão que mudar os paradigmas seculares de um modelo predador para aqueles que estabeleçam a recomposição de valores perdidos e dentro de uma visão educacional transdisciplinar.

- Os novos dirigentes da humanidade terão que estabelecer o Caminho do Meio, através da Ciência, da fé racional, do respeito à vida de todos os seres de Gaia (Terra), da correta palavra, da ação correta, do meio de vida correta, do esforço correto, da plena atenção correta, da concentração correta, do pensamento correto e da correta compreensão. Terão que introduzir uma fé realmente fraternal que não se limite apenas ao nosso mundo e a nossa dimensão, mas a todos os mundos e dimensões. O povo terá que ter a noção de que também faz parte da construção e desconstrução do Universo. Que também são engenheiros de uma força maior. Apenas desta maneira é que o fanatismo, os governos corruptos, os manipuladores de opiniões, o terror da criminalidade sem fronteiras e a fossa abismal social humana dos incluídos e excluídos terão a verdadeira cura e o retorno ao equilíbrio.

- Enquanto isto não acontece, vamos nos preparar mentalmente e emocionalmente para o vendaval que vem forte. Aquele que está na senda que faça a sua parte.

- Quem conseguir viver ou sobreviver irá ver as mudanças higiênicas necessárias ocorrer em breve.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

OU MUDAMOS OU NÃO TEREMOS O AMANHÃ

- Sempre tive uma admiração pelo Professor Lutzemberger já nos anos 60. Eu era ainda adolescente e cultivava uma admiração por esse Cidadão do Mundo. Cheguei a apertar a sua mão e a sua figura enigmática, apesar dos anos, ainda baila na minha mente como se fosse hoje.

- Lutzemberger, quando ainda vivia em nosso meio, profeticamente já alertava sobre a crise que ora se avizinha, provocada pelo capitalismo desvairado que em minha opinião ora trilha pelo caminho da esquerda, ora pelo da direita e não consegue encontrar o caminho do meio.

- O resultado é o que estamos vendo: as virtudes estão sendo estraçalhadas, o consumismo exacerbante que ajuda no desequilíbrio planetário está provocando a exclusões de milhares, guerras regionais orquestradas pelos dominadores da nova era e o afastamento dos princípios morais. Até já transformaram Deus em uma fonte de alto lucro para os oportunistas que aprimoraram as suas técnicas subliminares com a tecnologia moderna aplicada no povo ignaro e sem criticidade.

- Os homens e mulheres do governo oculto não conseguem enxergar ou não querem enxergar que são apenas um pequeno elo dentro do plano cósmico. Todos são dependentes das leis que regem o Universo e tudo tem que estar em sincronia e em permanente evolução.

- O caminho do meio seria a solução para o verdadeiro equilíbrio racional de toda a humanidade. Se a humanidade não trilhar esse caminho a pequena odisséia humana no planeta Terra (Gaia) estará fadada a extinção.

- Vamos aguardar as respostas daqueles que verdadeiramente governam a nossa pequena moradia perdida na imensidão do universo escuro. Particularmente acredito que as respostas desse grupo serão vazias, pois o seu interior pertencem a outros que se deleitam com o atual ciclo vibracional deste orbe planetário.

- Sendo assim, espero que a leitura do texto do professor Lutzemberger, escrito em 1996, possa lhe ajudar em melhorar ou extirpar alguns paradigmas e enxergar um pouco mais longe. Olhar nas bordas das coisas, ali é que estão muitas respostas e entre estas respostas está a transdisciplinaridade para a educação.

TEMOS OU NÃO FUTURO?

Gosto de imaginar que, após a minha morte, de vez em quando eu possa voltar, como observador apenas, aos lugares onde vivi. A primeira vez seria por volta do ano 2050. Depois, cem anos mais tarde, duzentos, quinhentos. Mais adiante cada mil, dois mil, dez mil, cinqüenta mil, cem mil, meio milhão, um milhão. Enfim, a cada cinqüenta ou cem milhões de anos, até o fim da evolução de nosso sistema solar, daqui a uns 5 bilhões de anos, com certa flexibilidade nos períodos para poder observar os momentos de grande crise na história da Vida, como a que estamos vivendo.

Isto porque, desde muito jovem, como naturalista que sempre fui, quando observo o mundo vivo, a geologia, o firmamento, quando me debruço sobre livros de astronomia, de cosmologia, a escala de tempo em que gosto de raciocinar é a escala de tempo que rege este maravilhoso processo criativo que caracteriza nosso planeta e o distingue dos demais que conhecemos - o grandioso, o indescritivelmente belo, complexo e vasto panorama da Sinfonia da Evolução Orgânica.

Mas então, por que não começar com a primeira visita daqui a um milhão ou vários milhões de anos? Acontece que, apesar de naturalista, ou exatamente por isso, nunca perdi a fé em nossa espécie. Ela também é fruto deste maravilhoso processo, que não pode ser suicida. Somos ainda muito novos, apenas uns dois milhões de anos, e não temos as limitações que tinham os grandes sáurios. Podemos aprender. Depois que eles se foram, uns oitenta milhões de anos faz, apareceu na orquestra um novo instrumento, a coisa mais sofisticada, mais poderosa que a Vida já produziu - o cérebro humano. Suas potencialidades são praticamente ilimitadas. Ele poderia ser um enriquecimento fantástico, mas hoje perdeu o devido tom, ameaça desintegrar a sinfonia.

É por acreditar nas possibilidades positivas deste instrumento que gostaria de começar em escala de tempo humana, que é a de dezenas, centenas e milhares de anos. Se conseguirmos sobreviver mais mil milênios, um milhão de anos, já seremos outra espécie.

Até o ano 2050, ou seja, durante a vida de crianças e jovens de hoje, terão acontecido inversões fundamentais e irreversíveis nas tendências atuais. Ninguém é e ninguém pode ser profeta, mas uma coisa é certa: o estilo de vida consumista, esta última excrescência da religião fanática, a cultura industrialista global, que já conseguiu o que o Cristianismo, Islamismo e Comunismo não conseguiram, conquistar a Humanidade toda, este estilo de vida não pode ser extrapolado por mais meio século. Até lá, ou aprendemos a nos enquadrar nas leis da Vida, ou ela nos punirá severamente.

Sou daqueles que se vêem obrigados a viajar quase constantemente, por terra e por ar. No avião, sempre cuido em obter bom lugar de janela. Observo atentamente a geologia, os ecossistemas e biomas, a "civilização". Com meus setenta anos de idade, tenho uns sessenta de observação intensiva, refletida. Ultimamente, no Brasil, quando comparo o que hoje vejo com o que via anos e décadas atrás, me assusto. Fico pensando, se os cento e cinqüenta milhões de brasileiros fazem e continuam fazendo os estragos que agora se constatam, como será daqui a trinta ou quarenta anos quando formos trezentos milhões? Mas o Brasil não é exceção. Nos cinco continentes, o que chamamos "progresso" ou "desenvolvimento" tornou-se um processo cada dia mais eficiente de demolição de todos os sistemas de suporte de vida e de desestruturação social.

Uns vinte por cento da Humanidade, a maioria nos países do chamado Primeiro Mundo e uma minoria nos demais, depende de uma movimentação cada vez mais acelerada de recursos finitos e praticam rapina cada vez mais brutal nos sistemas renováveis, a ponto de torná-los finitos também. As florestas tropicais úmidas na Ásia Sudoriental, nas Filipinas, Indonésia, Nova Guiné, Austrália, na África, estão chegando ao fim. Nas florestas temperadas úmidas na costa norte do Pacífico, na América do Norte, avança rápido o corte raso sobre os últimos cinco por cento de mata prístina. Na costa sul do Chile e na Terra do Fogo inicia-se agora processo semelhante, porém mais vandálico ainda. As florestas boreais na Sibéria e no Alasca também já estão sendo atacadas ferozmente. Todos os demais grandes sistemas naturais, Cerrado, Savana, Agreste, Mata Atlântica, Restinga, Pampa, Pradaria, Estepe, Caatinga, todas as florestas subtropicais, os banhados e pantanais, quando já não estão seriamente devastados, estão agora sob séria ameaça. Demolimos montanhas, barramos rios, inundamos imensos vales, afogando florestas virgens ou preciosos solos agrícolas. A pesca insaciável, agora com equipamentos eletrônicos cada vez mais eficientes, que não deixam escapar um peixe sequer num enorme cardume, está depauperando os oceanos. A poluição contamina terra, mar e ar. Já somos mais de 5,7 bilhões, e a cada ano se acrescentam mais de cem milhões. Mas, a cada ano também, milhões de hectares de terras antes férteis são degradados pelos métodos imediatistas da agricultura moderna ou pela primitiva agricultura de rapina - erosão, perda de húmus, contaminação química, destruição da microvida; desertificação acelerada, esgotamento dos aqüíferos fósseis que não têm reposição.

Socialmente, o desastre não é menor. Todas as estruturas sociais que cresceram e se organizaram historicamente, que eram estáveis, que davam às pessoas identidade, segurança e sentimento de aconchego, de significado e calor humano, quer se trate de culturas camponesas, de artesãos em estrutura familiar, pescadores artesanais, ou dos últimos habitantes das últimas selvas, isto é, dos povos aborígines e indígenas, de seringueiros e caboclos, quilombos, ou dos últimos nômades no Kalahari ou no Ártico, todos estão sendo desmoralizados, alienados, marginalizados. Para compreender o que está acontecendo, basta observar de perto a Cidade do México com seus mais de vinte milhões de habitantes ou a proliferação de favelas em todas as partes do Mundo.

Dos quase seis bilhões que somos, uns três bilhões ainda vivem em ambiente rural, com estruturas sociais mais ou menos estáveis. Se mais um bilhão tiver que juntar-se às massas de deserdados que já incham todas as pequenas, médias e grandes cidades no Terceiro Mundo e nas gigantescas conurbações já quase incontroláveis, se isto acontecer, e é quase inevitável que aconteça, ninguém mais poderá prever e conter as convulsões, migrações, conflitos e guerras que virão. O levante dos índios camponeses de Chiapas, no México, é um pequeno começo e augúrio. Mas o neoliberalismo e, agora, a globalização da economia, vão acelerar ainda mais o processo em marcha.

Dividimos o Mundo em países ricos e pobres. Poucos se dão conta de que os pobres não eram pobres. Sua atual miséria é conseqüência do que chamamos desenvolvimento.

Nas classes abastadas da cultura industrial, as pessoas estão eticamente cada vez mais desorientadas. Cresce a insegurança, a criminalidade, o desespero e a alienação, aumenta a corrupção e a incapacidade dos governos em arcar com os problemas. Além de contribuir para maior devastação e miséria no Terceiro Mundo, a globalização, assim como está hoje concebida, aumentará e já está aumentando o desemprego no Primeiro Mundo, pois um de seus alvos expressos é demolir conquistas sociais pela exportação de empregos.

Não obstante a clara visibilidade das graves conseqüências das políticas econômicas atuais, a doutrina predominante, imposta pelas transnacionais e cegamente obedecida pela grande maioria dos governos, pretende estender até o mais remoto rincão o industrialismo e consumismo desenfreados.

A economia global é hoje um processo exponencial. Ele tem retroação positiva. Pregar que necessitamos de mais crescimento para obtermos os meios de que necessitamos para reparar os estragos causados pelo desenvolvimento passado é como pedir mais neve e mais encosta para a bola de neve que já está se transformando em avalanche. Vejamos uma metáfora que ilustra nossa situação:

Uma colônia de pulgões sobre um tomateiro, crescendo exponencialmente, vai duplicando em números - dez, vinte, quarenta... mil, dois mil, quatro mil... Inicialmente, desde o ponto de vista do pulgão, uma situação muito linda. Mas, invariavelmente, chega o momento em que a planta não agüenta mais, morre. É o fim, também, do pulgão. Nossa situação é pior, crescemos em números e aumentamos de maneira mais rápida ainda nosso impacto ambiental. É como se o pulgão, além de se tornar cada vez mais numeroso, ficasse também sempre mais gordo, com apetite cada vez mais voraz.

Se não houver mudança de rumo, de enfoques, de cosmovisão, o colapso está programado. Temos que repensar. Teremos muita sorte se vier uma sucessão de colapsos parciais, menores, não um só grande. Este poderia significar o fim da Civilização. Colapsos menores permitirão ainda a tomada de novas decisões fundamentais.

Vejamos os possíveis colapsos:

· Finanças - Somas fabulosas, da ordem de trilhões de dólares por dia, circulam com a velocidade da luz, saltando de mercado a mercado em volta do globo. Um dinheiro ultra-especulativo que já praticamente não tem mais ligação com fatores concretos. Em grande parte se trata dos chamados "derivativos", que são apostas sobre apostas sobre apostas, uma especulação abstrata, totalmente absurda. Os governos não têm o mínimo controle. A lógica é comandada pelos algoritmos nos computadores. Os próprios operadores podem, a qualquer momento, perder o controle. Entre eles predominam indivíduos ambiciosos, inescrupulosos. Quando vier o colapso, estará desencadeada uma crise econômica mais grave e, certamente, mais duradoura que a de 1929. Bilhões de pessoas perderão suas economias ou seu poder aquisitivo.

· Energia - Quanto mais tempo for mantido artificialmente baixo o preço do petróleo, mais violenta será a próxima crise, quando o petróleo começar a escassear de verdade. O mundo não está se preparando para esta crise. A pesquisa, o desenvolvimento e aplicação das alternativas solares indefinidamente sustentáveis avançam a passo de lesma, enquanto aumenta célere o consumo de petróleo. No Brasil, continuamos apostando na rodovia para a quase totalidade de nosso transporte. O que acontecerá numa megalópole como São Paulo, quando o petróleo triplicar ou quintuplicar de preço? Na indústria, as tecnologias continuam esbanjando energia. Uma só lata de alumínio para cerveja ou refrigerantes, em sua fabricação consome mil e quatrocentos Watt/hora, a quantidade de energia elétrica que uma lâmpada de cem Watt consome em quatorze horas. Isto, sem falar na demolição de montanhas em Carajás, perda de quase cem mil hectares de floresta ao longo da ferrovia, inundação de três mil quilômetros quadrados de floresta intata em Tucuruí.

· Agricultura - Os métodos da agricultura moderna vivem às custas da produtividade futura, seus insumos são todos recursos não renováveis e os renováveis estão sendo consumidos em vez de desfrutados. A produção de carne e ovos em esquema de confinamento, com alimentação subtraída do consumo humano, contribui para o problema da fome. Galinhas, porcos e até gado, são hoje alimentados com grãos cultivados especialmente para este fim ou com tapioca ou torta de palma importados da Ásia e África. No Rio Grande do Sul destruímos toda a floresta subtropical úmida do Vale do Uruguai para exportar soja para alimentar vacas e porcos na Europa. Se, na Índia, houve quebra-quebra de estabelecimentos tipo McDonald's, é por isso. Se somente os chineses partirem para o tipo de produção de carne que predomina no Primeiro Mundo, teremos logo uma tremenda crise no abastecimento e preço dos cereais.

· Epidemias - Até recentemente, pensávamos que já existia um controle total das enfermidades infecciosas, que sobrariam somente as degenerativas. Mas, junto com estas, está havendo agora nova proliferação das doenças infecciosas, e nunca estivemos tão suscetíveis a elas como hoje. Os agentes patógenos viajam livremente com milhões de pessoas em aviões atravessando continentes e oceanos. Se o vírus da AIDS fosse menos complicado em sua transmissão, se fosse como o vírus da gripe....! Por outro lado, estamos todos, ricos e pobres, mal alimentados. Uns comem demais e comem alimento desnaturado, mal equilibrado, contaminado com resíduos de agrotóxicos e com aditivos, os outros comem de menos ou morrem de fome. Isso tudo, mais a contaminação geral do ambiente em que vivemos e a falta de paz de espírito - quem não sofre hoje de stress, frustação, desespero? - afeta o sistema imunológico. As epidemias vão voltar. Talvez não da maneira como eram as grandes epidemias no passado, que matavam milhões de pessoas de vez, mas na forma de uma degradação crescente da saúde pública. Por outro lado, o custo da medicina, com seus enfoques tecnológicos, já está se tornando tão caro que os sistemas de seguro de saúde se aproximam todos da insolvência.

· Clima - A moderna sociedade industrial está interferindo em todos os mecanismos de controle do clima: gás carbônico, camada de ozônio, aerossóis, poeiras e fumaças, albedo, florestas e demais biomas. Apesar das solenes promessas na Eco '92 no Rio de Janeiro, os governos não estão partindo para ação séria, concreta. A China, com sua população de 1,2 bilhões de pessoas, pretende ainda instalar uma fantástica capacidade de fornalhas para geração de energia elétrica. Os capitães da indústria automobilística agem como se acreditassem que seria possível dar à Humanidade inteira a densidade de carros particulares que existe nos Estados Unidos (dois ou mais por família), isto, com carros produzidos de acordo com a filosofia da obsolescência planejada, com absurdo esbanjamento de recursos não renováveis.

· Convulsões Sociais - Como vimos, as crescentes complicações e calamidades desencadearão conflitos, levantes, migrações em massa, guerras que, por sua vez, só poderão aumentar a devastação. Possíveis desequilíbrios climáticos poderão ter como conseqüência que não mais tenhamos colheitas seguras, o que agravará ainda mais as convulsões.

Possivelmente teremos, também, alguns ou muitos colapsos ainda imprevisíveis, maiores ou menores.

Até aqui, a ênfase está na situação global. Vejamos agora a situação do Brasil. Diante deste quadro, se não houver catástrofe climática planetária, o Brasil é, ainda, um espaço privilegiado. Sobra muito para preservar e recuperar, temos ainda mais tempo que os demais para aprender. Se, acima, ao mencionar as florestas tropicais úmidas, não mencionamos a Amazônia, foi para mencioná-la aqui em contexto esperançoso. Com toda a absurda devastação que já houve, sobram ainda mais de 80%. No coração da grande floresta, a maior do Planeta, no Estado de Amazonas, são mais de 95%.

Assim como os oceanos, a atmosfera, os rios e lagos, a Amazônia está entre os grandes sistemas essenciais para a bio-geo-fisiologia do Planeta Vivo - Gaia. O argumento de que "os outros derrubaram, deixem-nos fazer o mesmo" não procede. Vejamos outra metáfora: eu posso sobreviver - miseravelmente, é claro - com a perda de um, vários ou todos os membros, sem audição ou visão, mas não posso sobreviver a perda do coração, dos rins, do pulmão... No organismo de Gaia, a Amazônia, especialmente depois da devastação já quase total das demais florestas tropicais úmidas, é imprescindível.

Portanto, que slogan absurdo: "ocupar para não entregar"! Acaso não temos a Amazônia mais do que ocupada? Ou queremos vê-la na situação de Bangladesh que já foi floresta tropical úmida?

Agora, novembro de 1996, nosso governo federal pretende punir com elevada carga tributária as "terras improdutivas". Quanto ecossistema intato, até então nem sequer ameaçado, foi destruído no passado recente devido a enfoques assim reducionistas do INCRA. Na Amazônia, um dos instrumentos dos grileiros de terras para justificar posse é a derrubada de floresta, sem nenhum sentido produtivo ou social. Para o INCRA este tipo de devastação é "benfeitoria". Como pode um país que se diz sério permitir tamanho absurdo?

Este tipo de visão terá que mudar. Hoje, preservar natureza intocada deve ser visto como altamente produtivo em termos de sobrevivência da nação e de nossa espécie. Se ainda não nos encontramos em situação de pressão demográfica como a da China ou da Índia, ou de falta de espaço como na Holanda, que já tem 20% de seu território nacional coberto de construções ou de pavimentos, longe de constituir-se em sinal de subdesenvolvimento e atraso, a nossa é uma situação altamente vantajosa e desejável.

Assisti certa vez, não faz muito tempo, um governante nosso entonar a costumeira litania terceiro-mundista diante do Primeiro Ministro da Áustria: "É, porque nos somos um país pobre, necessitamos da ajuda dos países ricos, como vocês". Tive que discordar. Disse, "Nós somos ricos, muito ricos, fantasticamente ricos. Com oito e meio milhões de quilômetros quadrados, temos cem vezes mais território que a Áustria, que tem oitenta e quatro mil, metade montanhas cobertas de gelo. Temos recursos de toda sorte, minerais, solos agrícolas, enormes florestas, cerrados, restingas, praias intatas, espaço, muito espaço... Somos pobres, muito pobres, isto sim, em políticos de visão".

Sim, somos muito, muito ricos. Vamos aprender a desfrutar - não consumir - de maneira eficiente e sustentável o que já está desbravado. Não precisamos destruir um hectare mais de selva intata. Só na Amazônia, temos mais de quatrocentos mil quilômetros quadrados de terra desflorestada, uma área total do tamanho da Espanha, quase toda mal aproveitada, degradada ou mesmo abandonada. Em parte esta superfície se está recuperando naturalmente, em parte continuamos a degradá-la ainda mais. No resto do país a soma de áreas deste tipo é ainda maior, somam muitas dezenas de milhões de hectares. Alí sim, nos espera muito trabalho, trabalho significativo, entusiasmante para jovens e velhos idealistas.

Precisamos repensar "progresso", "desenvolvimento"!

A atual medida de progresso, o PNB ou PIB (Produto Nacional Bruto ou Produto Interno Bruto), em termos de real progresso, no sentido de mais satisfação, mais alegria de vida, mais felicidade, segurança, satisfação para maior proporção da população, num mundo humanamente mais significativo, mais sustentável, não mede absolutamente nada. Ele só mede fluxo de dinheiro, sem nada dizer sobre o que este fluxo causa de bom ou de mau. Nada nos diz sobre a real, a concreta riqueza nacional. Absolutamente nada nos diz sobre justiça social. O PNB per capita, usado para comparar progresso entre países, é apenas uma média entre o que ganham os podres de rico e os que não tem o suficiente para se alimentar. O PNB só pode interessar a banqueiros com visão ultra-reducionista, desligada do mundo real.

Voltemos a Carajás: adicionar ao PNB brasileiro as divisas que ganhamos na exportação de alumínio e minério de ferro, sem descontar num balanço nacional a demolição da montanha, a perda da floresta, a perda do meio de vida do caboclo e do índio etc., etc.... é como se, após visitar a agência de meu banco, retirar dinheiro de minha conta e gastá-lo, me sentisse mais rico. De fato, estou mais pobre, a conta está menor.

Primeiro passo essencial, portanto, para um progresso real é o de obrigar nossos administradores públicos a nos apresentar balanços reais, do tipo que faz o administrador de empresa para seus acionistas. Balanços em que se somam, de um lado, todas as entradas, sim, mas do outro se descontam todas as saídas, perdas, depreciações.

Neste tipo de balanço, o estoque de riqueza nacional - da real, da concreta, objetiva riqueza nacional - não terá que ser necessariamente contabilizado em termos monetários, mas em termos de hectares de solos agrícolas férteis ou degradados, capazes de recuperação ou não (a que custo?), de quilômetros quadrados de florestas, intatas, parcial ou totalmente devastadas, em recuperação natural ou em reflorestamento, etc. Terão que aparecer as toneladas de minérios ainda existentes, os barris de petróleo ainda disponíveis, e assim por diante. Terão que entrar, também, critérios qualitativos, como exploração irrecuperável ou reciclabilidade, fatores subjetivos, como beleza de paisagem, pureza das águas e do ar, contentamento, saúde, expectativa de vida, segurança, emprego, qualidade de vida em termos de cultura, recreação, moradia e muita coisa mais.

Se este tipo de balanço fosse feito na situação atual, todos verificariam que, a cada dia, estamos empobrecendo, não enriquecendo e progredindo, como nos querem fazer crer nossos governos. Uma real democracia só será possível com este tipo de conta.

Precisamos repensar também a tecnologia. Poucos, especialmente entre os políticos, se dão conta de que predominam hoje aquelas tecnologias que concentram poder nas grandes infra-estruturas tecno-burocrático-legislativas, não tecnologias concebidas simplesmente para atender reais necessidades humanas, da maneira mais simples, mais barata, mais acessível, ecologicamente mais compatível e socialmente mais desejável.

Daí que teremos que repensar - energia, transporte, agricultura, moradia, processos de produção e comportamento de consumo e, antes de mais nada, o sistema de educação - da família ao jardim de infância, primário, secundário, universitário e pós-graduação. Hoje, este esquema está a serviço dos poderes estabelecidos e a maior parte deste esquema cabe aos meios de comunicação, especialmente à TV, que está fazendo o que previa Aldous Huxley em seu livro "Admirável Mundo Novo" (Brave New World), onde os poderosos dominam pela desinformação, boçalização e incitamento a um estilo de vida hedonístico-orgiástico. Mas a TV, a Internet e todo este fantástico aparato de comunicação global instantânea, poderiam também ser usados para uma educação real, para uma reformulação de nossa cosmovisão e comportamento.

Um instrumento fantástico, bem mais fácil de implementar imediatamente, seria um imposto único, cobrado na fonte, só sobre a energia e o uso de matérias primas. Ele promoveria logo tecnologias bem mais inteligentes, como, entre muitas outras coisas que aqui não cabe detalhar, uma economia solar: solar direto térmico, solar direto fotovoltaico; biomassa em combustão direta, em pirólise ou biogás; vento, hidráulico - tudo em esquema totalmente descentralizado. Para nós, este potencial é tão fantástico que não precisamos pensar em tecnologias mais complicadas e caras, como marés e vagas. Promoveria também o uso racional, frugal e reciclado de matérias primas finitas, simplificaria radicalmente a administração pública, promoveria emprego, não capital, seria, portanto, socialmente bem mais justo que o atual sistema que, em termos de justiça social é uma grande mentira. Ele promoveria um comportamento bem mais sábio que o que predomina hoje.

Estes primeiros passos levariam automaticamente a um início de nova consciência e reorientação de nossa cultura industrial, que deixaria de ser suicida.

Quero dedicar os anos que me sobram a este trabalho fundamental. Como gostaria de ver o Brasil, este precioso pedaço de Gaia em que tive a sorte de nascer, transformar-se no berço deste renascimento cultural de nossa espécie e da recuperação do Grande Processo Criativo. Como seriam exaltantes as observações em minhas imaginárias visitas futuras!

- Jose A. Lutzemberger – Novembro de 1996.

- http://www.fgaia.org.br/


segunda-feira, 22 de outubro de 2007

RESERVAS INDÍGENAS OU UMA JOGADA INTERNACIONAL?

- É lastimável que os alertas sobre os interesses estrangeiros nas riquíssimas terras do Estado de Roraima não estão tendo a divulgação necessária nas poderosas mídias do Brasil para que ocorra um debate intenso sobre o destino da Amazônia e do povo miscigenada por séculos de convivência entre os indígenas e que agora estão sendo excluídos. Tal fato está gerando problemas sociais gravíssimos não em Roraima, mas em outros Estados do Norte.

- Convém deixar frisado que em torno de setenta por cento do território de Roraima está comprometido com reservas indígenas. Mais interessante ainda é ver que a vida dos autóctones não melhorou em muitos aspectos, principalmente em termos de saúde e educação.

- Por uma questão de lógica, fica claro que somente com muita educação, conhecimento, sabedoria e cidadania é que os indígenas poderão preservar os seus costumes, o domínio milenar de plantas medicinais e a própria religião, além de se defenderem daqueles (nacionais e estrangeiros), que na realidade, estão interessados na espoliação das riquezas naturais da região, principalmente os minerais utilizados em tecnologias modernas.

- Tem surgido denúncias graves sobre o trabalho realizado por missionários, padres da Igreja Católica Apostólica Romana e ONGS, os quais possuem transito livre na região. Tudo isto deveria de ser investigado com profundidade, e de maneira totalmente imparcial, pois pelo material coletado é obvio que existem interesses velados prejudiciais, principalmente às comunidades pobres, sejam índios, negros, pardos ou brancos. O pior será para as pessoas de cor parda.

- Algumas poucas autoridades políticas, com um senso de cidadania e patriotismo, vêem o descalabro que ocorre na região. Abaixo faço uma transcrição da declaração do Senador Mozarildo publicado na Folha de Boa Vista, Estado de Roraima em 22/10/2007:

SENADOR DIZ QUE RAPOSA SERRA DO SOL É UMA JOGADA INTERNACIONAL

Senador diz que Raposa Serra do Sol é uma jogada internacional. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) declarou no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020, que a homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol é uma jogada internacional de organizações que usam a falsa idéia de defesa dos índios para tirar benefícios próprios. “Tem uma turma de índios que se locupleta com dinheiro público. O CIR [Conselho Indígena de Roraima] mesmo recebeu recursos para saúde indígena e não presta contas do que faz com o dinheiro”, afirmou.

Mozarildo também disse que a Igreja Católica está a serviço dos poderosos. “É uma missa encomendada, um falso discurso de defesa de indígenas. até o cacoete de chamar as terras que são da União de nação indígena, nação yanomami, nação macuxi. Sou católico, mas há a história da Igreja estar a serviço dos poderosos. Ela é que é a intrusa na Raposa Serra do Sol. Há uma senhora, dona Severina, que morava na Vila Socó, com uma boa estrutura, e que foi assentada no PA Nova Amazônia. Hoje ela mora num barraco de lona coberto de palha. Por ter denunciado essa situação ela teve o barraco queimado”, contou.

Para o senadorum total descaso do Governo Federal com a situação dos moradores não-índios da reserva, que vivem há várias gerações na região. “Onde estão localizadas as reservas? Em faixas de fronteira? Lembro do, hoje, ministro da Defesa, Nelson Jobim, visitar a Raposa Serra do Sol, quando era ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso. Como ele mesmo gosta de dizer, andou a cavalo por toda a área, conversou com várias pessoas e colocou no relatório que a área deveria ser demarcada de forma contínua, mas não excludente. Agora, ele vem falar que existem ‘vazios’ na Amazônia. O ministro descobriu o óbvio. Existem vazios porque estão expulsando os moradores dessas áreas”, argumentou.

O senador afirma que as reservas foram demarcadas sem que houvesse um estudo aprofundado da área e das condições dos habitantes. “Fui taxado. Inclusive, de genocida por defender a faixa de fronteira, de pelo menos 15 km. O próprio relator de uma comissão da qual fiz parte, o senador Delcídio Amaral, do PT, deu parecer contrário à demarcação da reserva porque isso prejudicaria Roraima. O presidente Lula não acatou o relatório porque tem origem na ideologia do PT, um socialismo totalmente equivocado e ultrapassado, dos tempos da Cortina de Ferro da Rússia. Geopoliticamente, o Brasil não é tratado de forma a pensar nos estados mais pobres”, declara.

Para Mozarildo Cavalcanti a política vigente é a do esvaziamento. “Nãonenhum culto ao nacionalismo, ao patriotismo. O que presenciamos durante as diligências para a construção do relatório sobre a situação das famílias é parecido com o que houve na Alemanha Nazista. A Funai diz que indenizou 190 famílias e que assentou 160 no PA Nova Amazônia. Mas indenizou mal e porcamente. O Incra está sem comando, sem controle, e aquilo está terrível”, afirma.

O senador informou que está aprofundando os documentos do relatório sobre o processo de retirada de não-índios da Raposa Serra do Sol para enviá-lo ao Senado, à Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativa de Roraima, Presidência da República, ministérios e órgãos do Poder Executivo, Supremo Tribunal Federal (STF) e demais Tribunais Superiores, Ministério Público Federal, Governo de Roraima, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e ao Conselho Nacional de Segurança”.