quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O QUE ESTÃO FAZENDO COM A INFÂNCIA DOS NOSSOS FILHOS E FILHAS



O artigo que iremos descrever é assustador. Sobre o seu conteúdo pouco se fala, quase nada se escuta e se vê pelas mídias televisivas abertas, porém implica em um futuro cada vez mais duvidoso e desumano. Neste aspecto os meios de comunicação estão afetando o processo de socialização, muitas vezes de maneira criminosa, na conquista e na manipulação das mentes de crianças através de um markentig infantil agressivo, o qual pretende modelar o futuro consumidor adulto para um consumismo exacerbado e destruidor de valores sociais e ambientais.

Por essa vertente, os marketeiros sempre estão a desenvolver novos métodos de persuasão, os quais são destinados para crianças em uma fase em que inexiste o poder de criticidade. Uma fase em que estão totalmente indefesas frente a esses destruidores da infância, transformando-as em “suco e lucro”, sem a menor preocupação com as graves consequências futuras.

Sendo assim, um número imensurável de crianças brasileiras em formação bio-físico e psíquica, neste exato momento, estão sendo vitimizadas por inúmeras empresas da corporatocracia, com a venda de produtos efêmeros e descartáveis em um curto prazo de tempo (obsolescência). Para isto se utilizam de meios persuasivos que implicam em mudanças comportamentais nada saudáveis, no desaparecimento da infância, na adultização infantil, na erotização precoce e em mudanças alimentares de qualidade deveras duvidosa, que empurram milhares de crianças a desenvolverem a obesidade, a hipertensão, diabetes e outros desequilíbrios que podem aparecer quando forem adultas, como a bipolaridade, depressão e a falta de afetividade.

Um outro aspecto que essas propagandas ajudam a induzir é o crescimento da violência entre os jovens, pois milhares de crianças e adolescentes brasileiros excluídos também são estimulados ao desejo de consumo sem terem condições de adquirir os seus produtos. Milhares partem para o furto e roubo para a satisfação dos seus desejos de consumo e a aceitação em seus grupos sociais. Neste sentido é perfeitamente perceptível que muitas propagandas direcionadas para meninos estão envoltas em um halo de pura violência.

Outrossim, o bombardeio apelativo dessas empresas é intenso e não hesitam em aplicar bilhões de dólares anuais em pesquisas para a captação dessas crianças hipervulneráveis para o consumo de seus produtos e obtenção de lucros astronômicos.  A mensagem é clara: “Para você ser feliz e ser aceito em seu meio social tem que ter tal produto”. Esse produto será descartado em pouco tempo, graças a novas propagandas persuasivas e até mesmo com enxertos subliminares. Não permitem que haja afetividade e tudo recomeça novamente para o desespero de muitos pais que dispõem de pouco tempo para com os seus filhos, em um eterno círculo vicioso de consumos desnecessários e perigosos.

Todas essas pérfidas mudanças e muitas outras não citadas aqui já são perfeitamente visíveis dentro da nossa sociedade doentia. Tudo perfeitamente fundamentado por longos anos de pesquisas desde a década de 50, por pesquisadores de renome que não se curvaram perante os bilhões de dólares dessas empresas. Publicam livros, artigos e dão conferências na tentativa de acordar os pais e governos submissos dos malefícios desse fenômeno baseado no consumismo e na destruição da infância exatamente daqueles que passarão a ocupar o nosso lugar em poucos anos. Entre esses pesquisadores podemos citar Susan Linn e Neil Postman.

Insta gizar o caso da erotização infantil com o bombardeio constante de milhares de propagandas diárias através das mídias televisivas, internet, músicas eróticas, para não dizer “lixo erótico”, as quais influenciam negativamente no desenvolvimento mental das crianças, destruindo virtudes implantadas pelos pais ou pelos professores. Assim a infância vai desaparecendo, precocemente, em milhares de crianças, as quais são impulsionadas para o sexo precoce e consumismo doentio em uma fase de vida totalmente imprópria para tais coisas, transformando-as em mini-adultos neuróticos.

Neste sentido, a título de exemplo, uma dessas empresas, mais precisamente a Disney, já lançou uma marca de sutiã para crianças de 4 a 6 anos com enchimento. O produto em muitas lojas foi esgotado rapidamente sem a menor preocupação das autoridades governamentais e dos pais com mais essa manobra de adultização dos seus filhos. E, diga-se de passagem, isto é apenas uma ponta do iceberg, pois para para nós a situação real já está fora do controle nessa colônia, digo, País.

E a Lei? Ora bolas a Lei! Veja o interesse desses políticos, a maioria de corruptos, com relação ao Projeto de Lei 5.921/01, que tem por finalidade regulamentar a publicidade infantil no País. Esse PL está se movendo na Câmara dos Deputados a mais de doze anos. A quem esses políticos realmente servem? Com certeza não estão muito preocupados na aprovação desse Projeto de Lei, pois afinal de contas as empresas de publicidade aplicam alguns bilhões de dólares em propagandas destinadas exclusivamente para crianças desprovidas de criticidade e em plena formação social. Naturalmente, fazem um espetacular “lobbie” milionário sobre os nossos digníssimos representantes do povo. Do povo?

Por esse caminho trevoso e dantesco, vejamos algumas leis, as quais deveriam de dar toda a proteção para uma criança vulnerável em pleno desenvolvimento.

Na CF/88, em seu art. 227 prevê que o Estado deveria de dar proteção às crianças e adolescentes contra os abusos, contra a violência, contra a exploração, contra a crueldade e contra a opressão. Este artigo parece meio apagado quando se vê o abuso de propagandas e violências a que são submetidas as nossas crianças diariamente em suas casas (TV), nas ruas, nas escolas, na internet, por meio de celulares que se tornam obsoletos em menos de um ano, ditadura das Barbies, de alimentos sem valor nutricional etc. É interessante mas já temos crianças que não sabem o nome de certas frutas populares e hortaliças mas reconhecem de imediato o nome de pretensos alimentos que só trazem prejuízos a nível de saúde, graças ao agressivo marketing infantil envolvendo alimentos de qualidade altamente duvidosa. 

Na Lei 8.069/90, também os artigos 4, 6, 15, 17, 18, entre outros, deveriam de assegurar a proteção da criança em desenvolvimento (físico e mental), proteção a sua integridade e a seus valores, já que uma criança não tem senso de criticidade e se torna alvo fácil dos marketeiros, como bem se vê nas propagandas espertas, filmes violentos, desenhos violentos e novelas que envolvem crianças e adolescentes, divulgadas principalmente pelas mídias televisivas abertas, como Globo, SBT, Bandeirantes etc.

Já na Lei 8.078/90, em seu art. 36 estipula que o consumidor deve de identificar facilmente e imediatamente a publicidade como tal para o público que esteja assistindo as informações apelativas de consumo. Neste sentido, uma criança não terá a mínima condição de entender o apelo consumerista e estará sendo, implacavelmente, vitimizada pelo vitimizador ou vitimizadores, com reflexos negativos que serão sentidos na vida adulta dessa criança.

Na mesma lei, o art. 37 é claro quanto à proibição da propaganda enganosa ou abusiva, mas o que temos é muita propaganda infantil enganando, explorando a violência e aproveitando-se da deficiência de julgamento e experiência de uma criança, levando o consumidor infantil a se comportar de maneira perigosa para com a sua saúde e segurança, além de trazer sérios transtornos para os pais que podem ser taxados de vilões pelos pequeninos imaturos quando tentam barrar a compra desses produtos de péssima qualidade que tanto mal trazem.

Portanto, estas são algumas leis que a princípio deveriam de dar toda a proteção para as crianças extremamente vulneráveis e em plena formação, mas o que vemos é exatamente o contrário, com um Estado muito leniente com essa situação deplorável da destruição da infância dos nossos filhas e filhos, além de termos muitos pais já dominados pelo sistema vigente de consumismo sem fronteiras e limites.

É de bom alvitre que se diga ainda que o interessante dessa história de leis é descobrir que em países eticamente e moralmente mais desenvolvidos do que a nossa Nação é de terem uma legislação muito superior a do nosso País, onde o marketing infantil de fato enfrenta grandes dificuldades em vitimizar crianças indefesas em nome de um consumismo predador. Obviamente essas empresas que lá enfrentam dificuldades impostas por governos preocupados com as suas crianças, aqui tudo é permitido. Basta ligar a TV para se ter a certeza disto.   

Uma das saídas para nós está na sociedade organizada de unir-se com várias facções sociais, utilizar-se da desobediência civil, forçar, por todos os meios possíveis, a aplicação dessas leis já existentes e a criação de outras mais contundentes com punições exemplares para os vitimizadores bilionários capitalistas. Será que isto é sonhar demais!

Enfim, para saber mais sobre o fim da infância das nossas crianças deixo o convite para acessar o Instituto Alana em http://www.institutoalana.com.br. Essa organização vem dando um apoio incondicional e descomunal para estabelecer um controle sobre o consumismo infantil e tentar barrar a destruição da infância dos nossos filhos e filhas.