segunda-feira, 24 de março de 2014

CARROS E MOTOS NA INTERMINÁVEL GUERRA DAS RUAS


O Brasil somente deixará de ser um país pobre, ignorante, corrupto
 e violento (também no trânsito) quando suas instituições essenciais
 (Estado/democracia, sistema capitalista, império da lei e do devido 
processo e a sociedade civil) deixarem de seguir a lógica do capitalismo selvagem, 
extrativista e  concentrador, para se alinhar aos países do capitalismo evoluído e 
distributivo (Áustria, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Canadá, Alemanha, 
Coreia do Sul etc.), que contam em média com 5/6 mortes para cada 100 mil habitantes.
 (Professor e jurista Luiz Flavio Gomes)


- Em Boa Vista/RR, somos testemunhas oculares, dos últimos 14 anos, da queda vertiginosa da sociabilidade; do recrudescimento do medo; do descrédito para com as autoridades; da destruição do meio ambiente; da venda patética de votos para eleger os corruptos da região  e do recrudescimento da violência generalizada em todas as áreas sociais. As virtudes estão em queda livre, notadamente a praticada no trânsito. A outrora agradável e pacifica Boa Vista está deixando de existir.

- Da queda dos valores citados acima, vamos nos centrar, apenas no trânsito da cidade, o qual a cada dia, se torna mais perigoso e cada vez mais parecido com o transito infernal de outras tantas cidades brasileiras..

- Já é notório que milhares de motos e carros começam a disputar e a conquistar, de maneira violenta, palmo a palmo das áreas por onde correm as avenidas e as ruas da capital. O desrespeito, a ignorância e a violência são as marcas mais visíveis daquilo que muitos gostam de chamar de modernidade. Para nós, Idade das Trevas Moderna, sem bruxas e sim com um número expressivo de políticos, no comando da maquina pública, seguidores de Maquiável, do poder a qualquer custo e da riqueza, os quais, por uma questão óbvia, pouco fazem para minorar a violência no trânsito.

- Para corroborar com o paragrafo acima, o que vemos nas ruas e avenidas centrais da nossa cidade são centenas e mais centenas de motocicletas que circulam entre os carros, inúmeras vezes em velocidade incompatível com o local. Conseguem a proeza de transformar as duas pistas, com sentido único, de ruas e avenidas, em cinco pistas. O pior é que entre eles, as vezes, se detecta a presença de militares fardados, portanto representantes do Estado, tanto do Exército  da Polícia Militar e da Guarda Municipal, entre outros, contrariando leis elementares de boa conduta no trânsito. São exemplos nocivos e sem senso de responsabilidade, na certeza de que não haverá punições. Tudo isto é observado pela população amedrontada e acuada com tanta violência.

- Outros, simplesmente andam em zigue-zague, cruzam os semáforos no vermelho ou sobem até mesmo nas calçadas, colocando os pedestres, motocicletas e carros em perigo. Outros ainda, na ânsia de chegar em suas casas, trabalho  ou levar seus filhos para as escolas infringem, com a maior naturalidade, as normas de segurança e colocam seus próprios filhos e filhas em risco de vida, além da péssima educação de violência que repassam para eles.

- Por outro lado, os acidentes envolvendo motocicletas X carros e até mesmo motocicletas X motocicletas atingem cifras elevadas na capital, com mortes ou sequelas para o resto da vida para aqueles que conseguem a proeza de sobreviverem.

- Por este caminho dantesco, Boa Vista, ajuda a manter o ranking que transforma o Brasil no quarto País que mais provoca mortes no mundo. O Brasil é superado apenas pela China, Índia e Nigéria. Definitivamente estamos rumando para o primeiríssimo lugar. Dificilmente haverá mudanças para reverter tal situação.
  
- Outrossim, o Código Brasileiro de Trânsito estabelece  as regras que empalidecem cada vez mais. O artigo 193 estipula uma multa  de R$ 574,62 para os motociclistas que transitam  na divisa das pistas de rolamento e acostamentos. É considerada uma infração gravíssima, além de representar sete pontos no CNH. O artigo 192 aduz a necessidade de se manter uma distância de segurança, tanto lateral como frontal entre os veículos. É ato grave que implica em uma multa de R$ 127,69 e mais cinco pontos na carteira e por aí vai. No entanto, a impressão que se tem é que vários artigos dessa lei já não intimidam ninguém  e vai dando a impressão que aos poucos vai se transformando em lei morta em vários dos seus artigos.

- Agora, o que mais chama a atenção é a falta da presença do Estado nas ruas. A fiscalização e o policiamento é precário. O desrespeito  se torna normal e o descumprimento das regras vai se tornando norma no dia a dia do cidadão roraimense. É a certeza da impunidade entre aqueles que cometem os atos ilícitos.

- No entanto, apesar de tudo, o Estado teria as ferramentas para impor e restabelecer a ordem no trânsito. Bastaria aplicar as multas estipuladas nas leis; ter mais fiscalização fardada nas ruas (corruptos e corruptores devidamente punidos); monitoramento computadorizado de 24 horas nas ruas e avenidas, com fotos instantâneas no momento do ilícito; uma constante educação para a população que poderia até mesmo ajudar no combate às causas que levam parte dos cidadãos a agirem com tamanho desrespeito para com a vida deles e para com a vida de todos os outros; e, obviamente, um transporte público gratuito de alta categoria para todas as classes sociais, o que ajudaria a manter muitos carros e motos nas garagens, mas isto, em um Estado tão injusto nesta área, é pura utopia, como é também é pura utopia em nível nacional. 

- Porém, no momento em que o Estado não oferece mais a vigilância necessária de segurança aos governados, apesar de favorecer a criação de leis e mais leis as estatísticas provam que elas pouco estão a influenciar o controle da violência. O que se tem é o crescimento de mortes e sequelas ano após ano. Neste caso a situação é realmente critica e o pacto social, em um futuro não distante, tende a ser rompido. Essa ruptura, obviamente, sempre irá ocorrer com mais violência ainda, pois às outras áreas sociais também  já estão sendo atingidas por inúmeros crimes e descasos, além de uma corrupção endêmica desenfreada na enferrujada máquina governamental (federal, estadual e municipal), a qual carece de uma reforma higienizadora  justa e perfeita na política.

- Enquanto não ocorre essas mudanças higienizadoras, a violência insana segue o seu caminho montada em motos e carros pelas ruas e avenidas da capital, dando a sua parcela para que o Brasil passe a ocupar, no ranking dos países do mundo,  o primeiro lugar em mortes no trânsito, bem como o primeiro lugar do mundo em assassinatos. Aqueles que sobreviverem a esse holocausto com mais de 100.000 mil vítimas (assassinatos e mortes no trânsito), a cada 12 meses,  serão testemunhas do surgimento da Nova Ordem implantada exatamente por estes que estão no poder.

- Enfim, a escuridão se aproxima cada vez mais e a situação somente irá piorar, pois não acreditamos em mudanças, a médio e a longo prazo, destes que aí estão,  a décadas, na direção do Estado. O último que sair que apague a última luz e se prepare para o pior.

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