quarta-feira, 28 de março de 2007

NEGLIGÊNCIA, IMPERÍCIA OU IMPRUDÊNCIA DE MÉDICO?


Manaus, AM, 28 de março de 2007.

- Muitas vezes vemos pelos veículos de comunicação de massa as denúncias escabrosas do tratamento dispensado pelos bacharéis da área da saúde, não só em Manaus, mas pelo Brasil a fora.

- De repente, quando menos se espera, estamos envolvidos em situações de emergência médica. É nesses momentos que nos deparamos com a triste realidade da saúde prestada, seja pública ou paga a peso de ouro, apesar de que a pública é cara, pois todos nós pagamos os impostos mais altos do planeta e o retorno é uma vergonha nacional.

- No dia 24/03 levei um colega professor no pronto socorro da UNIMED. Na admissão constataram um estado febril de 39,9°C . A médica que atendeu não fez a ausculta necessária e limitou-se a ver a garganta do colega. Imediatamente prescreveu antibiótico e o dispensou. Tudo isto na minha presença.

- No dia 26/03 a febre continuava e seu organismo se debilitava a cada hora, não respondendo ao tratamento prescrito. Nesse mesmo dia ele retornou ao pronto socorro da UNIMED e um outro profissional lhe atendeu. Prescreveu novos medicamentos e, incrível, não fez a ausculta novamente.

- No dia 29/03 retornou pela terceira vez ao local de atendimento, pois já não tinha mais forças nem para caminhar. Um outro médico lhe atendeu e fez uma descoberta que os seus colegas medíocres ou desumanos não constataram: estava com um quadro de pneumonia acelerada. Foi baixado na enfermaria de imediato.

- Felizmente, com o tratamento certo ele ficou alguns dias internado e já esta de alta.

- Para continuar, ontem levei o meu filho ao Hospital Geral Militar no setor de emergência, pois estava prostrado, com muita cefaléia e um avançado estado febril de 38,5°C .

- O profissional que lhe atendeu fez uma meia ausculta e sem a iluminação correta conseguiu verificar, com os seus bons olhos, que a sua garganta estava infectada. Prescreveu um antitérmico e um medicamento para combater renite alérgica, o qual se mostraria ineficaz e dinheiro perdido.

- À noite a febre não cedia e no clarear do dia retornamos ao hospital, no setor de emergência, no qual ficamos mais de hora e meia para que ele fosse atendido. Muito tempo para um setor de atendimento de emergências. É sabido que por detrás de uma dor de cabeça repentina e com febre alta pode estar se desenvolvendo um quadro deletério e que o atendimento rápido pode ser a diferença entre morrer ou viver.

- Desta vez, felizmente, um outro profissional competente e não negligente fez o diagnóstico correto prescrevendo os medicamentos certos.

- Fiz a denúncia verbal da demora do atendimento ao Ouvidor do Hospital, o qual alegou falta de profissionais, que ao meu ver não justifica, pois tudo é pago pelo contribuinte e o certo seria contratar profissionais para suprir as deficiências. Suspeito que o numerário arrecadado esteja sendo contingenciado pela União, mas aí já é uma outra história onde os lesados seriam os usuários do sistema de saúde do Exército.

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- Fazendo uma análise dos fatos ocorridos verifico a existência de muitas deficiências que acometem esses profissionais da saúde. A principal é a desumanização para com os pacientes, vistos simplesmente como “res”[1] para alguns. Outros cometem erros crassos e uma minoria(?) parece que desenvolveram uma qualidade duvidosa: Atendem por telepatia.

- Boa parte desses erros médicos como a negligência, a imperícia e a imprudência começam já na faculdade. Os acadêmicos depois de formados acabam reproduzindo a má preparação com reflexos em suas atividades diárias. As conseqüências são vistas diariamente pelas mídias em geral dentro da nossa sociedade, principalmente pela classe proletária e pelas hordas de miseráveis.

- Os erros médicos, nos últimos anos, estão aumentando em progressão geométrica e o corporativismo é exacerbado entre eles, mas pode ser derrotado com boa técnica.

- Convém frisar que as falhas por desleixo e falta de atenção, ou em casos nos quais o médico não oferece os devidos cuidados ao paciente é caracterizado como NEGLIGÊNCIA. Que quando o médico realiza um procedimento para o qual não foi preparado fica caracterizado a IMPERÍCIA. Que quando o médico assume riscos que colocam em perigo o paciente, sem que exista amparo científico para essa decisão fica caracterizada a IMPRUDÊNCIA. São crimes a princípio culposos e tipificado no Código Penal pátrio, além de outros que podem chegar ao dolo.

- ACONSELHO A TODOS QUE SOFRERAM OU SOFREM POR ERROS DE MÉDICOS DE BUSCAREM A JUSTIÇA. NUNCA DESISTIREM DE OPOREM UMA AÇÃO JUDICIAL COMPETENTE E DIVULGAR NA MIDIA O OCORRIDO. AINDA TEMOS NO JUDICIÁRIO PESSOAS DECENTES, ÉTICAS, MORALISTAS E HUMANAS QUE ESTARÃO SEMPRE AGINDO COM EQUIDADE JUSTA.

- Em caso de erro médico, angariar provas e testemunhas, documentos em geral, ao fazer algum documento endereçado ao médico sempre em duas vias, sendo a segundo via assinada pelo recebedor, fazer o registro policial, encaminhar a denúncia ao CRM. Procurar as orientações de um bom ADVOGADO, desde que não seja negligente, imperito ou imprudente.

- Para encerrar fico me lembrando das palavras de Gandhi que chegou a ser advogado:

“A desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se não quer deixar de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal deve ser reprimida com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência”.


[1] “Res” é do latim e significa “coisa”.

domingo, 18 de março de 2007

A TODAS AS PESSOAS SENSÍVEIS QUE AINDA ACREDITAM EM UM MUNDO MELHOR.


- A disputa pela posse da terra entre índios e brancos nos Estados Unidos , a pouco mais de um século, gerou um dos mais incisivos e belos documentos em defesa da preservação da vida de que se tem notícia. É uma carta escrita pelo índio Seattle, cacique da tribo Duwamish, ao então presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1855.
- A carta permanece como um alerta para os que comandam o destino do planeta, onde muitos países continuam agindo como os bárbaros da antiguidade. Por onde passam só deixam o rastro da morte, da miséria, da dor e da devastação do planeta em nome do consumismo capitalista. A carta é uma profecia para o triste futuro que nos aguarda se não modificarmos a nossa maneira de aigr e pensar com sabedoria.
- Além do mais, a esperança a cada ano se dilui com o capitalismo predador materialista dos que sugam as energias do nosso mundo para manter e impor o modelo de vida dos países ricos e com um grande número de excluídos.
- Ou mudam a conduta dissonante com os princípios do Grande Arquiteto do Universo, ou será o fim da breve história dos humanos no planeta Terra.
- Vamos à carta:

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"O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isso é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa da nossa amizade. Vamos, porém pensar em sua oferta, pois sabemos que, se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra.
- O Grande Chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas – elas não empalidecem.
- Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é-nos estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.
- O homem branco esquece a sua terra natal, quando, depois de morto, vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, a grande águia… são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos das campinas, o calor que emana do corpo de um mustang e o homem – todos pertencem à mesma família.
- Portanto, quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar a nossa terra, ele exige muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que irá preservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto vamos considerar a tua oferta de comprar a nossa terra. Mas não vai ser fácil, não. Porque esta terra é para nós sagrada.
- Essa água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás que ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumor da água é a voz do pai de meu pai. Os rios são irmãos, eles aplacam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.
- Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo do que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora.
- Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecida a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança.
- Ele trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelhas ou miçangas cintilantes. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto. Não sei. Nossos modos diferem dos teus.
- A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isso seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende. Não há um sequer lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas de um inseto.
- Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende. O barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiros.
- O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum; os animais, as árvores, o homem. O homem branco parece não perceber o ar que respira, ele é insensível ao ar fétido.
- Mas se te vendermos nossa terra terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O ar que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu ultimo suspiro. E, se te vendermos a nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres.
- Assim, pois, vamos considerar tua oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição. O homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento.
- Sou selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão. Nós, os índios, matamos apenas para sustentar as nossas próprias vidas.
- O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito, porque tudo quanto acontece aos animais logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si. Tudo que fere a terra fere também os filhos da terra.
- Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados. Para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
- De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem; é o homem que pertence a terra. Disso temos certeza Todas às coisas estão interligadas, como o sangue une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra agride os filhos da terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida, ele é meramente um fio da mesma. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará.
- Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam muito tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias, eles não são muitos. Mais algumas horas, até mesmo uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que vivem nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques sobrará para chorar sobre os túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
- De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez um dia venha a descobrir. O nosso Deus é o mesmo Deus. Julgas, talvez, que podes possuir da mesma maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira. E quer bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. E causar dano à terra é demonstrar desprezo ao seu Criador.
- O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua poluindo a tua cama, e hás de morrer uma noite, sufocado nos teus próprios dejetos.
- Depois de abatido o último bisão e domado todos os cavalos silvestres, quando as matas misteriosas federem a gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios faladores (telefones) – onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águas? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça, o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.
- Talvez compreenderíamos se conhecêssemos com que sonha o homem branco. Se soubéssemos quais as esperanças que transmite aos seus filhos nas longas noites de inverno. Qual visão do futuro oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós, e por serem ocultos temos de escolher o nosso próprio caminho.
- Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último índio tiver partido e sua lembrança não passar de sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nessas florestas e praias porque nós as amamos, como o recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe.
- Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos , protege-a como nós a protegíamos. Nunca te esqueça como era essa terra quando dela tomar posse. E com toda a tua força e teu poder e todo teu coração, conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus ama a todos. De uma coisa sabemos: O nosso Deus é o mesmo Deus, essa terra é por ele amado e nem o homem branco pode evitar esse nosso grande destino comum”.

quarta-feira, 7 de março de 2007

OS QUATRO MITOS DA EDUCAÇÃO

- A revista Veja de 7 de março de 2007 publicou um artigo interessante sobre “Os quatro mitos da escola brasileira” do escritor Sr. Gustavo Ioschpe, onde ele tenta desmistificar certos mitos tidos como paradigmas imbatíveis. Em alguns pontos ele realmente tem razão, mas em outros não.

- 1º MITO: O PROFESSOR BRASILEIRO É MAL REMUNERADO - Acredito que o Sr. Gustavo não está a par de determinadas características da vida de um professor brasileiro do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

- Estuda-se mais de 18 anos para se conseguir terminar um curso de nível superior. Se a pessoa pertencer a classe proletária, a situação piora, pois a maioria terá que ir para uma faculdade privada (maioria nesse país, em torno de 70%) e muitas vezes de péssima qualidade. É dessas IES privadas que formaram e estão formando a maioria dos professores para o Ensino Fundamental e Médio e que podem reproduzir lado ruim das falhas educacionais..

- Após conseguir uma vaga em algum estabelecimento escolar, o tempo de trabalho diário de um professor, na realidade, acaba perfazendo bem mais do que as quarentas horas referidas pelo Sr. Gustavo. Ele não computou as longas horas para a elaboração e correção de avaliações com qualidade, o preparo de uma boa aula, além de outros detalhes, como salas de aula com mais de 50 alunos.

- Concordo que é um erro comparar o salário de um professor com a dos professores do primeiro mundo, pois temos que analisar o PIB e uma série de detalhes, inclusive culturais.

- A realidade é que a remuneração que um professor ganha no Brasil, não supre as necessidades básicas. Vejamos: No Amazonas se ganha em torno de R$ 1200,00 por quarenta horas. Com esse salário terá que cobrir os gastos de aluguel ou prestação de casa própria. Terá que morar em favelas ou em bairros distantes. Uma parte desse dinheiro terá quer ir para a alimentação, transportes e ainda terá que sobrar para o lazer, higiene, educação e sem falar do pagamento de altas taxas e impostos para o Estado. Faço uma sugestão para o Sr Gustavo: O Senhor ficaria um ano vivendo apenas com esse salário na cidade de São Paulo ou Rio de Janeiro, inclusive sustentando a sua família. Acredito que teria então subsídios reais de aprimorar a sua idéia sobre o assunto.

- A título de curiosidade, no Paraná, em Londrina em 2003, houve um concurso para 17 vagas de coveiro para trabalhar no cemitério municipal. O Salário variava de R$ 650,00 a R$ 1204,00 e o nível exigido era o fundamental incompleto. Houve 17 mil inscritos, 28 cursavam o nível superior e três já possuiam o diploma universitário.

- Muitos professores para terem uma melhora em seus salários acabam lecionando na parte da manha em um colégio, na parte da tarde em outro e a noite em outro. É obvio que o profissional terá problemas de saúde, não poderá se qualificar. Alguns desistem da nobre arte de lecionar e partem para outros caminhos. Os alunos e a sociedade são os grandes perdedores. Repito novamente que são mais de 18 anos de estudos para se conseguir esse salário de R$ 1200,00 no Amazonas. Em muitos Estados do Brasil essa quantia é mais baixa ainda e em alguns casos até de R$ 500,00 ou menos. Seria interessante verificar qual a classe social dos professores predominante nas salas de aulas. Será que a maioria pertence a classe “A”?

2º MITO: A EDUCAÇÃO SÓ VAI MELHORAR NO DIA EM QUE OS PROFESSORES RECEBEREM SALÁRIO MAIS ALTO - Concordo com o Sr. Gustavo que o aumento do salário, por si só, não iria trazer melhorias no ensino, mas seria em conjunto um dos agentes que iria auxiliar no processo da qualidade do ensino e no contínuo aperfeiçoamento dos professores, pois estes teriam mais recursos financeiros para gastar com livros, seminários, cursos, palestras, etc. Esse aperfeiçoamento é necessidade premente para a “Era do Conhecimento” e quem sabe até para a salvação desse triste país mergulhado em corrupção crônica desde a época da invasão pelos portugueses em 1500.

- Com mais dinheiro no bolso e pressionado por um processo de qualidade educacional correto, sem interferência de BIRD, FMI, BANCO MUNDIAL, todos ligados ao “Consenso de Washington”, o professor iria chegar à sala de aula sabendo ensinar bem melhor. Ou será que não temos competência suficiente para seguirmos sozinhos sem a interferência desses agentes internacionais?

- 3º MITO: O BRASIL INVESTE POUCO DINHEIRO EM EDUCAÇÃO. – O Sr. Gustavo acha que o dinheiro é suficiente e até demais. Realmente o Sr. Gustavo não deixa de ter alguma razão se compararmos, por exemplo, o Brasil com a potência China que aplicou em 1997 apenas 2,3% do PNB de US$ (bilhões) 1.055,00 e aplicou em torno de US$ 20,00 por habitante/ano. A Índia que aplicou em 1997 apenas 3,3% do PNB de US$ (bilhões) 357,00 e gastou em torno de US$ 12,00 por habitante/ano enquanto que o Brasil aplicou 4,7% do PNB de US$ (bilhões) 784,00 e gastou US$ 225 por habitante/ano. Índia e China são países superpovoados e aplicam muito pouco em recursos para a educação, mas pelo visto o retorno para esses países é digno de aplausos, pois já estão inseridos como novas potências mundiais.

- A riqueza do Brasil dá margens para que se gaste bem mais em educação. Que tal uns 8% do PIB igual ao da Suécia? Daria certo? Provavelmente não, pois o histórico de corrupção que parasitou a Colônia, o Império e parasita a República com os seus sucessivos governos jamais iria permitir decência na melhoria da educação. Para aplicar bem aquilo que o Brasil gasta em educação teria que ter medidas duras para o combate dos criminosos de colarinho branco semelhante ao que ocorre nos EUA e China, mas pelo visto isto é uma utopia no Brasil. Isto me faz lembrar até de um antigo livro que estava no “index” do Estado há alguns anos atrás de autoria de Ignácio Loyola Brandão: “Não verás país nenhum”, apesar de que nessa época o Brasil era a 8ª economia do mundo. O que será que houve para perder tanto terreno assim?

- Portanto o Sr. Gustavo tem toda a razão: O dinheiro realmente é mal aplicado. A pergunta que fica é até quando nós, os “desengravatados”, teremos que agüentar, já que o gigante está deitado eternamente em berço esplêndido?

- 4º MITO: A ESCOLA PARTICULAR É EXCELENTE. – O Sr. Gustavo acha que não é bem assim e ele tem toda a razão. No último Exame Nacional do Ensino Médio, pelo visto foi um verdadeiro desastre, apenas duas escolas das 21.000 entre particulares e públicas se destacaram. As privadas foram ligeiramente um pouco melhor que as públicas, mas ambas muito abaixo do que teriam que ter obtido. Em 1º lugar, o Instituto Dom Barreto em Teresina/PI (um dos Estados mais pobre do Brasil) que é uma instituição privada e em 36º lugar a Escola Politécnica Joaquim Venâncio situada no Rio de Janeiro/RJ que é pública, na qual os alunos permanecem em torno de oito horas em sala de aula.

-A escola Dom Barreto simplesmente copiou com sucesso o ensino de qualidade ministrado na Finlândia e Correia do Sul. Aplicou em seus professores que ganham salários acima da média, estão em contínuo processo de aprimoramento, os alunos ficam mais tempo na escola (oito horas aproximadamente), entre outros ganhos para a qualidade. O recado está dado ao Estado que vive atrás de fórmulas mágicas há décadas. É só verificar o que deu certo e copiar. Será que interessa ao Estado e para a Nova Ordem Mundial?

- Para as escolas públicas o quadro é desalentador para a maioria, já que há décadas as autoridades governamentais brasileiras tentam achar a tal de formula mágica do bom ensino. Mesmo com o apoio da USAID (Agência para o Desenvolvimento Internacional), que depois de 45 anos esta deixando o Brasil, e dos conselhos do “Consenso de Washington”, ainda não conseguiram lograr êxito.

- Antes que me esqueça, algumas poucas escolas técnicas federais conseguiram algum destaque. O Estado pode ter descoberto a fórmula mágica para o sucesso, mas não a aplica de maneira geral. A pergunta é a quem interessa tudo isto? Não seria interessante o Estado se aprofundar no belo exemplo da escola Dom Barreto do Piauí?

- SE ALGUÉM QUISER SE APROFUNDAR NO ASSUNTO INDICO OS SEGUINTES LIVROS E SITES:

* FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR – ESTADO X MERCADO – AUTOR : NELSON CARDOSO AMARAL. * DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR – AUTOR SELMA GARRIDO PIMENTA/LÉA GRAÇAS CAMARGO ANASTASIOU. * GUERRA CIVIL – ESTADO DE TRAUMA – AUTOR: LUIS MIR. * EDUCAÇÃO E A CRISE DO CAPITALISMO REAL – AUTOR: GAUDÊNCIO FRIGOTTO. * A FUGA DA UNIVERSIDADE DE SUAS RESPONSABILIDADES - AUTOR: JORGE GREGÓRIO DA SILVA –MANAUS - BK Editora – FSDB. * A IGNORÂNCIA CUSTA UM MUNDO – AUTOR: GUSTAVO IOSCHPE. * CARTA DE TRANSDISCIPLINARIDADE. Disponível em www.unipazrj.org.br/transdisciplinaridade.htm . * PRESENÇA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA Disponível em: www.fisica.uel.br/SBPC_LD/unipub.html


“O conhecimento dos livros traz cultura, o de si mesmo traz sabedoria. A cultura pode ser manipulada por interesses de ego, poder e dinheiro; a sabedoria jamais”.
(Ricardo Chioro)

“Desistir de aprender é egoísmo. Este é um ditado que eu gosto muito. Quando acalentamos o desejo de aprender mais, nossas vidas estarão repletas de genuína vitalidade e brilho”.
(Daisaku Ikeda).