segunda-feira, 17 de setembro de 2012

GUERRA DO CONTESTADO COMPLETA CEM ANOS: UMA VERDADE POUCO DIVULGADA

---------------------------------------------

Milhões de brasileiros nem sequer ouviram falar sobre um episódio importante da nossa história. A impressão que se tem é que a República brasileira tentou jogar no esquecimento da história os fatos de muita barbárie e crimes de guerra que ocorreram durante a Guerra do Contestado. 

A Guerra do Contestado (1912-1916) completa, em outubro de 2012, cem anos e mesmo com a pouca divulgação desse trágico período, que enoda o Brasil, a história continua viva.

Esse episódio, para alguns historiadores, é mais importante do que a Guerra de Canudos (1896-1897), na qual também houve o massacre de colonos pelas tropas militares da República Velha, muito bem explanada no livro “Os Sertões” de autoria do jornalista Euclides da Cunha.

Como sempre, na história do Brasil, os poderosos da política republicana estavam sendo incomodados por colonos empobrecidos e esquecidos pelos tiranos que governavam o País apenas para poucos.

Por outro lado, os colonos tiveram a ousadia de reivindicar a devolução das suas terras, nas quais labutavam a mais de um século e que, na época, foram repassadas, em uma grande negociata do governo brasileiro, a um capitalista norte americano, em uma região que ficava entre o Paraná e Santa Catarina, para a construção de uma via férrea, a qual iria beneficiar apenas alguns poucos e ainda permitiria a devastação das florestas de pinheirais (araucária e outras espécies nobres), cuja madeira seria exportada para a reconstrução da Europa, abalada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Na negociata, o americano ficou com uma extensão de 15 km de terras  na margem esquerda e direita da linha férrea, prejudicando ostensivamente os colonos miseráveis da região.

Nessa história toda, algo me chamou a atenção. O advogado da maior serraria estrangeira da América do Sul, a Southern Brazil Lumber & Colonization Co. Ind (1910-1915), a qual devastou a região e descriminava, ostensivamente, os nativos do local foi Rui Barbosa. Durante a guerra esse advogado era senador da República. Ele sabia das barbaridades que ocorreram na região do Contestado. De acordo com alguns historiadores, esse senhor ainda fazia lobby para essa empresa estrangeira.  

Outrossim, poucos lucraram com essa negociata e a grande maioria foi excluída. Ou seja, os ricos ficaram mais ricos ainda e os pobres empobrecidos ainda mais. Essa linha férrea, ao contrário de muitas outras regiões, não trouxe nenhum benefício para os mais pobres. Apenas mortes e devastação ambiental com a destruição das milenares florestas de araucária.

Destarte, os colonos, empobrecidos pelo abandono do governo, sem escolas, sem estradas e sem empregos ficaram sem as terras, sem o sustento para as suas famílias e criações de animais. Seriam ainda discriminados pelos estrangeiros que passaram a devastar e a ocupar as suas terras sob o olhar discriminador e racista dos tiranos para com os brasileiros que questionavam a perda das suas terras.

Após o fim da construção dessa linha férrea, pelo capitalista norte americano, milhares de pessoas oriundas de várias partes do Brasil ficaram desempregadas e a situação social piorou ainda mais na região.

Sendo assim, o descontentamento cresceu, os colonos com os seus filhos e mulheres, sem alternativas, se organizaram e iniciaram ataques aos invasores com foices, facões e espadas feitas de madeira. Mulheres e crianças também lutaram nessa guerra, a qual foi considerada a maior rebelião de camponeses da  América do Sul, para a vergonha da corrupta República brasileira .

Tal fato e ousadia dos colonos acabou por despertar a ira dos estrangeiros, dos governantes locais e a ira do governo brasileiro, o qual, vergonhosamente, chamou o exercito para combater os insurgentes com a finalidade de proteger o capital estrangeiro, em vez de tentar uma saída digna para os colonos brasileiros e suas famílias.

Muitos oficiais e soldados já haviam participado do massacre de Canudos e ali estavam para mais uma chacina de brasileiros excluídos. Iriam trucidar crianças, mulheres, famílias inteiras que apenas queriam terras para trabalhar, mais respeito e dignidade pelos governantes.

Armamentos sofisticados para época foram utilizados, inclusive aviões para bombardear os revoltosos, o que acabou não ocorrendo devido a pane no avião. Assim iniciou-se mais um massacre de camponeses pelos donos da República Velha (1889-1932), porém os insurgentes iriam resistir por quatro longos anos até serem trucidados por completo.

É interessante observar, que passado tanto anos, nenhum dos insurgentes tiveram seus nomes preservados em alguma rua de cidade, mas o nome dos coronéis e militares que trucidaram até crianças e mulheres, alguns destes viraram nome de ruas. Coisas do Brasil. 

Apesar do tempo, essa guerra ainda gera efeitos nessa região devastada, onde a pobreza até hoje permanece no meio dos descendentes e sobreviventes  da Guerra do Contestado. O racismo e a falta de escolas são identificadores comuns nessa região.
   
Ademais, um detalhe importante é que, ainda hoje, há alguns sobreviventes centenários desse trágico evento. São os filhos dos insurgentes que hoje se sentem mais a vontade para contar histórias macabras da chacina dos seus pais, parentes e amigos, pois eram crianças na época.

Só para ilustrar, recentemente (2011) foi lançado um documentário por um dos maiores cineastas do Brasil, Sylvio Bach, sobre a Guerra do Contestado, porém, infelizmente, parece que está sendo pouco divulgado. Sylvio Bach, na realidade está retornando ao tema, pois chegou a fazer um filme em 1970, a Guerra dos Pelados (Guerra do Contestado), disponível no You Tube.   

Enfim, para complementar este assunto coloquei abaixo alguns vídeos com maiores detalhes do massacre, postados no You Tube, sobre esse importantíssimo evento trágico ocorrido há cem anos, cujos os efeitos ainda perduram para a vergonha dos governantes do local.

---------------------------------------------
DEPOIMENTOS DE SOBREVIVENTES DA GUERRA DO CONTESTADO
---------------------------------------------
GUERRA DO CONTESTADO I
---------------------------------------------
GUERRA DO CONTESTADO II


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

16% DE REDUÇÃO NA CONTA DE ENERGIA. MAIS UM ENGODO BEM ARTICULADO?



Por estes dias escutei na mídia colonizada que o governo “bonzinho” irá dar um desconto de 16% nas tarifas de eletricidade gastas pelos brasileiros. Os marionetes brasileiros, pelo menos a maioria, irão dizer: Eta governo bão!  
É interessante não se esquecer que algumas verdades propaladas pelo governo não passam de manobras sutis para angariar a simpatia de um povo mergulhado em um senso comum pré-estabelecido a décadas pelos políticos, a grande maioria de corruptos, que estão a governar o nosso País e eleitos por esse próprio povo marionetado.
Os 16% podem ser um belo arranjo, pois na última década as empresas de eletricidade, por conta de cálculos mal elaborados ou espertamente mal elaborados cobraram para mais sobre os gastos com energia elétrica. Esse montante em dez anos chegou, pelo visto, em torno de sete bilhões de reais, mas para a Proteste a real quantia chega a 11 bilhões de reais(1).

Outrossim, o governo ao anunciar esse desconto deveria de ter feito a menção aos sete bilhões surrupiados do bolso dos brasileiros durante dez anos.
Esses fatos fazem parte de um processo em andamento no Tribunal de Contas da União. O relator do processo, ministro Valmir Campelo é favorável que esse montante seja devolvido para os consumidores.  
É bom dizer que toda essa transparência veiculada em algumas mídias(2) é uma das vantagens que ainda temos em termos de democracia, a qual aos poucos, infelizmente, vai sendo manipulada, sequestrada e condicionada pelo sistema ideológico imposto ao Brasil.
Para mim, esse fato é puramente furto, pois é impossível que essas empresas não soubessem da cobrança para mais.  Usufruíram o dinheiro e, com toda a certeza, irão hesitar na devolução desse numerário cobrado indevidamente. Obviamente ninguém será punido e todos serão beneficiados, menos o consumidor é lógico.
E, de repente, vem o governo com esse “pacote de bondade” oferecendo um desconto de 16%. Fica uma sensação de uma montagem sutil para iludir a população, principalmente a população de senso comum. Será? 
Caso não seja um ardil do governo, teremos então os 16% e mais a devolução dos 11 bilhões de reais para todos os brasileiros que possuem eletricidade em suas residências, por ocasião da sentença transitada e julgada do processo em andamento no TCU. 

Sinceramente, a devolução nunca irá ocorrer e além do mais esses 16% irá nos custar muito mais do que se pensa, pois irão nos tomar de volta por outros meios bem mais sutis(3).
É bom não se esquecer que a tarifa de eletricidade que pagamos é uma das mais caros do mundo e mesmo com o desconto (que não é desconto) continuará sendo uma das tarifas mais caras do mundo(4).
Enfim, para encerrar, caso se interesse, veja a indignação do polêmico jornalista Luiz Carlos Prates, amado por uns e odiados por outros, antes do pronunciamento do governo sobre os 16% que serão abatidos das nossas contas de energia elétrica.


(1) http://www.proteste.org.br/nt/nc/press-release/adiada-decisao-sobre-erro-na-conta-de-luz
(2) http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/8/9/conta-de-luz-relator-do-tcu-pede-r-7-bilhoes
(3) http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,governo-tera-de-pagar-indenizacao-bilionaria-para-bancar-corte-na-conta-de-luz,126306,0.htm#noticia
(4) http://www.portaltributario.com.br/artigos/energia-tributacao.htm