- A tentativa dos poderosos de ocultar certas verdades enfrenta, cada vez mais, grandes dificuldades em um mundo cada vez mais informatizado, onde os acontecimentos são transmitidos em segundos e, além do mais, há sempre um celular ou câmera fotográfica de prontidão para registrar cenas ou para fazer gravações por pessoas simples ou jornalistas independentes e por empresas jornalísticas pactuadas com a verdade.
- Por esse caminho, o jornalista Carlos Machado já denunciou a gravidade da pedofilia em seu artigo, transcrito para este blog sob o título: ¿DÓNDE ESTA MI HIJO? (ONDE ESTA MEU FILHO?) e agora traz novas denúncias, com o título: A CRISE MORAL DA IGREJA (LA CRISIS MORAL DE LA IGLESIA), publicado em 25.10.2006 no qual narra à presença perniciosa e doentia de homens envolvidos em pedofilia que abusaram e talvez ainda abusem de crianças e adolescentes, além de mulheres que já foram abusadas por sacerdotes. Todos são integrantes dessa organização religiosa que influenciou e influencia milhares de pessoas no planeta e que se diz como o único caminho a seguir, pois segundo eles, servem aos nobres propósitos de Jesus de Nazaré, mas que na prática o mundo teve a inquisição espanhola e portuguesa, o massacre de São Bartolomeu, o massacre dos Anabatistas, o massacre de judeus em Lisboa, o massacre dos habitantes da cidade francesa de Bíziers, as Cruzadas medievias, apoio ao Nazismo, corrupção etc. De acordo com os seus líderes: Tudo em nome de Deus!
- Devemos ter sempre em mente que a informação, o conhecimento, o apoio, o amor não individualista e a confiança entre pais e filhos são extremamente necessários, para a proteção dos nossos filhos e filhas e que nem sempre as aparências são verdadeiras. Tudo tem que ser observado, analisado, fundamentado e lançado na imprensa para que os pervertidos não possam triunfar e destruir a vida de crianças e adolescentes, além de outros crimes.
- Leiam e meditem sobre o artigo do jornalista argentino Carlos Machado, traduzido do espanhol para o português.
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A CRISE MORAL DA IGREJA
(La crisis moral de la iglesia)
Faz mais de uma década que se tornou muito notória a crise de ética e credibilidade pela qual atravessam amplos setores da Igreja Católica. No entanto, um dos problemas que alimenta essa crise data, na realidade, de séculos: a violação dos votos de castidade, o abuso sexual e a pedofilia, três estigmas muito distante dos sofridos por Jesus Cristo, mas que estão firmemente gravados em muitíssimos de seus representantes na Terra, e que contam com uma lamentável cumplicidade: o acobertamento pelo Vaticano.
Uma nota da revista mexicana “Processo”, publicada há um ano, indicava precisamente que essas questões “vêm de tempo atrás e faz muito que é parte da realidade eclesiástica”, afirmação que aparece no livro “Votos de castidade”, escrito por cinco especialistas -Alessandra Ciattini, Elio Masferrer, Jorge Ederly, Marcos Hernández Duarte e Jorge René González Marmolejo - e editado no ano passado pela editorial Grijalbo. A conclusão do mesmo é que “na época colonial e até nossos dias, o celibato sacerdotal obrigatório na Igreja Católica da América Latina é, em geral, um mito, e na prática sempre tem sido opcional, pelo que é evidente o abismo entre o que dita o Direito Canónico sobre o voto de castidade e a vida sexual do clero”.
Em suas 214 páginas, o livro cita vários casos de violação ao celibato em variadas formas abusos sexuais, concubinatos, etc.–, detalhando, por exemplo, o caso “surpreendente e farto educativo” do jesuíta Gaspar de Villarías. O processo deste sacerdote no México, a princípios do século XVII, causou um escândalo que chegou até Roma, já que o voraz jesuíta tinha abusado de 97 mulheres, inclusive dentro de sua paróquia e muitas vezes no próprio confessionário. Em várias dessas ocasiões contou com a aceitação, influenciada ou não pela autoridade que lhe dava sua condição, das mulheres que chegavam até ele, e segundo “Votos de Castidade”, na longa lista deste sacerdote se incluíam “freiras, raparigas e senhoras maduras, tanto casadas como solteiras, e de todos os biótipos: brancas, mestiças, índias e negras, e de todas as condições sociais: ricas, pobres, serventes, libertas e escravas”. Como se pode ver, o travesso Gaspar não respeitava cabelo, tampouco limites. Finalmente, o religioso foi preso por um lapso muito curto, e em poucos dias saiu livre, com uma pequena advertência, pronto para continuar com suas tropelias, simplesmente mudando de unidade da Companhia. Esse foi todo o castigo que recebeu “o protagonista do maior escândalo sexual dos arquivos históricos da Igreja Católica do México”.
A respeito da época atual, o livro menciona o concubinato entre o ex-núncio apostólico no México, monsenhor Jerônimo Prigione, e a religiosa Alma Zamora, da congregação Filhas da Pureza da Viagem Maria, quem trabalhava para ele na sede da Nunciatura, bem como a proteção que Norberto Rivera Carreira, arcebispo primado do México, e o cardeal Roger Mahony, de Los Angeles (Califórnia), brindam ao sacerdote pederasta Nicolás Aguilar, quem só no México foi acusado penalmente por abuso sexual contra 60 menores, fugindo para os Estados Unidos, onde agora, recebe a proteção de Mahony, continuava fazendo das suas em outra paróquia.
Isto último, somado ao caso de Gaspar de Villarías faz quatro séculos, traz a colação o tema da proteção que às hierarquias mais elevadas da Igreja, incluído o Papa, tem brindado e seguem brindando aos membros da mesma que incorreu em todo o tipo de delito sexual, amparados por sua investidura. Esta constante atitude da Igreja quando se descobre a existência de pederastia ou abuso sexual por parte de suas representantes também é apontada no livro citado: “A hierarquia sacerdotal respondeu habitualmente a estas acusações com a negação, o ocultamento e a desqualificação dos denunciantes. Uma medida freqüente ante as denúncias penais impossíveis de controlar tem sido a recolocação discreta dos responsáveis para evitar a ação da justiça”.
Por sua vez, o jornalista e escritor espanhol Pepe Rodríguez, autor de “Pederastia na Igreja Católica”, expõe um argumento não menos contundente a respeito desta questão: “O problema fundamental não reside tanto em que tenha sacerdotes que abusem sexualmente de menores, senão em que o Código de Direito Canônico vigente, bem como todas as instruções do Papa e da cúria do Vaticano, obrigam a encobrir esses delitos e a proteger ao clero delinqüente. Em conseqüência, os cardeais, bispos e o próprio governo vaticano praticam com plena consciência o mais vergonhoso dos delitos: o encobrimento”. Clero delinqüente. Boa definição de Rodríguez para esta praga disfarçada de santidade.
País de porões quentes
O escândalo dos abusos sexuais por parte de sacerdotes - que conseguiu se manter bastante oculto por séculos - tem surgido em toda sua dimensão nos últimos anos, graças à luz que começaram a arrojar sobre o tema por vários pesquisadores e meios de imprensa, pondo em evidência, ademais, que o primeiro ato da cúpula vaticana tem sido sempre, e continua sendo, “esconder tudo”. Um escândalo que se propaga na maioria dos países do mundo e que tem sacudido em diferentes períodos as dioceses católicas da Itália, Espanha, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Irlanda, Áustria, Polónia, Estados Unidos, México, Porto Rico, Costa Rica, Colômbia, Brasil, Chile e Argentina, por mencionar os casos mais freqüentes, e que está destinado, como se disse, pelo encobrimento.
Segundo a revista brasileira “Istoé”, o Papa Benedicto XVI enviou em setembro de 2005 a Brasil uma comissão para pesquisar acusações que já se estavam a multiplicar demasiado. A mesma encontrou-se com uma dezena de sacerdotes condenados por abuso sexual, quarenta fugitivos e ao redor de 200 enviados pela Igreja brasileira a centros de atenção psicológica para que sejam “reeducados”. Dura realidade achada pela Cúria romana no país que contém a maior quantidade de católicos no mundo. Segundo uma investigação da mencionada revista, atualmente 1.700 curas – cerca de 10% dos registrados no país - estão a ser investigados por abusar de meninos e adolescentes.
Há muitíssimos casos individuais para relatar, mas vamos nos remeter ao que aparece quiçá como o mais horripilante, já que seu “exemplo” tem servido muito a outros sacerdotes para consumar seus baixos instintos. Trata-se de um eminente teólogo que costumava freqüentar os salões da alta burguesia de San Pablo e que, de acordo ao diagnóstico que se lhe fez a pedido de um julgado estatal, é um “pedófilo com determinados sintomas de narcisismo e megalomania”. Diga-se de passagem, as mesmas palavras que aparecem no estudo psicológico realizado, na Argentina, ao sacerdote Julio César Grassi, titular durante anos da Fundação “Felizes os Meninos” e protagonista, hoje em dia, de um alardeado caso de abusos sexuais a menores, pelo que ainda espera a sustentação do julgamento oral e público.
O citado teólogo brasileiro é Tarcisio Sprícigo, de 50 anos, e seu diagnóstico pode muito bem explicar o fato de que levasse um diário manuscrito com um relato de suas maldades. Por exemplo, numa parte do mesmo diz: “Preparo-me para sair para a caçada com a certeza de que tenho a meu alcance a todos os garotos que me apraza”, e aconselha “recolher das ruas, das delegacias, dos hospitais de caridade”. Antes que o prendessem, o religioso tinha abusado de muitos meninos de rua, para ele “os mais fáceis de controlar”. Nas páginas de seu diário, convertido num verdadeiro manual de pedofilia que inclusive foi consultado por outros sacerdotes de sua mesma tendência aberrante, descreve entre outras coisas como persuadir meninos: “Apresentar-se sempre como o que domina. Ser carinhoso. Nunca fazer perguntas, mas ter certezas. Tratar de conseguir garotos que não tenham pai e que sejam pobres. Jamais se envolver com meninos ricos”. Sprícigo, que antes de ser preso tinha sido transladado para uma paróquia rural, onde abusou de mais dois menores, estava muito seguro de suas tácticas: “Sou seguro e calmo, não me agito, sou um sedutor e após ter aplicado corretamente as regras, o menino cairá em minhas mãos e seremos felizes para sempre”.
Alguma de suas regras finalmente falhou, já que foi condenado a quinze anos de prisão por violar a um menino de cinco anos que tinha sob sua custodia. E, felizmente, neste caso, nem uma bula papal teria conseguido salva-lo do cárcere.
Como se disse, o “evangelho de Tarcisio” teve muitos seguidores. Alfieri Bompani, de 46 anos, preso por abusar de meninos dentre seis e dez anos de idade numa “favela” na que, segundo ele, fazia ajuda social, também teve fantasias de escritor. Além de levar um diário estava a terminar um livro de contos eróticos baseado em suas correrias pedófilas. E teve outros religiosos que a seus prazeres carnais somaram os da escritura e até a cinematográfica. Uma mostra é a detenção do sacerdote Félix Barbosa, de 44 anos, a quem foi encontrado numa orgia de drogas e sexo com quatro adolescentes que tinha contatado por Internet, e que gravou a cena com duas câmaras de vídeo. A polícia achou também um bloco de cartas com os relatos eróticos que Barbosa escrevia baseado em suas “experiências”. Enquanto o levavam como detento, o sacerdote gritava que conhecia a outros doze padres que faziam o mesmo que ele. Outro cultor das letras, o sacerdote Celso Morais, de 63 anos, regenciava um prostíbulo de menores destinado ao prazer dos irmãos da fé. Também escrevia suas memórias, e o conteúdo das mesmas é tão escabroso que a Justiça as marcou como “documento classificado”. Por sua vez o diário italiano “Correr Della Sera” aludiu a outro dos envolvidos em terras brasileiras, monsenhor Antonio Sarto, bispo de Barra dás Garças, acusado de abuso por parte de um sacerdote que ele mesmo ordenou.
A imprensa de vários países reconheceu que o Vaticano, ante os casos apontados, não teve mais remédio. Ficou obrigado a deixar de atuar a favor de seus representantes ao comprovar que não podia seguir ocultando os trapos sujos entre as paredes das igrejas.
Legião de predadores
Os Legionários de Cristo constituem uma organização católica específica dentro da Igreja, como o é também a “Opus Dei”, e como este se localiza à direita e se emoldura dentro dos postulados mais ultraconservadores. Seu fundador é o sacerdote mexicano Marcial Maciel, hoje octogenário e já fora de toda a função sacerdotal dado que — por fim — após várias décadas de ter cometido infinidade de abusos sexuais, o atual Papa Benedicto XVI não teve mais remédio, ante o cúmulo de provas acumuladas contra o padre, que o obrigou a se retirar de todo o tipo de exercício sacerdotal público. Isso sim, “por sua avançada idade” não será submetido a processo canônico e, como sanção de maior dureza, só foi condenado” a levar uma vida privada de rezas e penitências. Outro exemplo dos “castigos” que impõe o Vaticano, quando já é inevitável, a seus sacerdotes pedófilos. E uma condenação que as vítimas de Maciel, aguardaram anos para que se fizesse justiça, esperavam que a pena fosse maior e que o Vaticano colaborasse levando a Maciel perante a lei dos homens e terminasse no cárcere. Mas em realidade Maciel gozou sempre da proteção papal. Desde que Joseph Ratzinger presidia a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé – nome moderno da Santa Inquisição e um cargo em que ele se sentia muito cômodo — tinha conhecimento das andanças dos padres pedófilos pelo mundo. Maciel não foi a exceção, e desde 1998 o atual Papa sabia pelos relatórios do bispo mexicano Carlos Talavera e os depoimentos do pai Alberto Athié, um dos abusados por Maciel quando era seminarista, dos abusos sexuais do “legionario”. No entanto, Ratzinger negou-se então a abrir o caso, argumentando que Maciel “era uma pessoa muito querida para Juan Pablo II”. Este último foi, precisamente, um de seus principais protetores e inclusive, pouco antes de morrer, organizou um conjunto de homenagem ao líder dos Legionários por “promover os valores da família e da pessoa humana”. Suas vítimas sabem bem qual era a maneira predileta de Maciel de promover esses valores. Foram os jornalistas norte-americanos Jason Berry e Gerald Renner quem, através de um livro muito documentado, “Votos de silêncio. O abuso de poder durante o papado de Juan Pablo II” fez ver a Ratzinger o que se resistia a enxergar. Os autores consideram que a proteção da Santa Sé se deve a que o líder dos Legionários sempre ofereceu uma importante contribuição econômica ao Vaticano, e agregam que “no caso do pai Maciel nos enfrentamos a um encobrimento papal. Sua carreira é um caso de estudo sobre a desinformação: a distorção da verdade para atingir o poder e fabricar-se uma imagem virtuosa a partir de um comportamento patológico. Ao não pesquisar cargos sérios, o Vaticano ajudou a que se formasse este processo durante anos”. Existem depoimentos que arrepiam a pele, uma constante, quando se vai tomando conhecimento de casos e mais casos nesta questão. José Barba Martín, quem abandonou a ordem aos 25 anos, depois de sofrer vários abusos sexuais de Maciel, assegura que a pederastia está estendida em toda a Ordem, enquanto Juan José Vaca, ex-presidente dos Legionários de Cristo nos Estados Unidos e outra das vítimas de Maciel, afirma coincidentemente que os abusos sexuais nos Legionários são comuns: “Não tem sido somente Maciel o criminoso que cometeu esses delitos, senão que segundo os dados que vamos tendo já se pode falar de uma corrupção da instituição como tal. Já há vítimas novas, de segunda e terceira geração. Os abusados por Maciel de meninos agora são superiores, e esses superiores já têm abusado de outros. Somente no ano passado detectamos três novas vítimas: uma da Irlanda, outra da Espanha e uma terceira no Chile. Também temos outro caso na Colômbia. Onde os Legionários têm instituições, Maciel tem posto pessoas como ele, que pensa como ele e que está integrado nesse sistema como ele. E todos eles têm sido vítimas dele e depois se tornam autores”. Vaca assegura que até o ano 1976, quando saiu dos Legionários, foi testemunha ocular de outras 25 vítimas de abuso sexual de Maciel, e que ele próprio o foi durante dez anos. Comenta que, depois do submeter às vexações sexuais, o líder dos Legionários tentava lhe tranqüilizar dizendo: “Não te preocupes se tens remorsos de consciência; eu te dou a absolvição”, e agrega que “Maciel é um predador, hoje com a imagem de avô”.
Segundo outros depoimentos de vítimas de Maciel, este utilizava um padrão de conduta similar com os meninos ou adolescentes internos. Relatam que os elegia “bonitos”, que os mandava chamar a sua habitação para lhes pedir que lhe dessem uma massagem e que ao conseguir que lhe masturbasse, singelamente se justificava dizendo que tinha “dispensa papal” porque estava muito doente. A frase que utilizava com alguns para terminar com sua sinistra sessão era: “O que tens feito é um ato de caridade”.
Enquanto as centenas de vítimas abusadas por Maciel não podem esperar nunca justiça do que a muito suave condenação a “rezas e penitência” imposta ao predador pelo Vaticano, a questão mais urgente agora é saber até que ponto o cancro da pederastia está infiltrado na ordem dos Legionários de Cristo, já que milhares de meninos e adolescentes podem se encontrar em perigo.
Travesuras argentinas
Padre Julio César Grassi. Bispo Edgardo Storni. Bispo Carlos Maccarone
Segundo um estudo da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, mais de 4.000 sacerdotes já têm sido acusados em mais de 11.000 casos de abuso sexual contra menores entre 1950 e 2002. Dito estudo, difundido pela corrente CNN, foi compilado a partir de uma investigação a nível nacional realizada pelo Colégio John Jay de Justiça Penal para a Conferência dos Bispos. No entanto David Clohessy, do grupo Rede de Sobreviventes dos Abusados por Sacerdotes (SNAP suas siglas em inglês), afirmou que as cifras fornecidas nesse relatório lhe pareciam “baixas”, e agregou: “Os bispos têm tratado de ocultar isto durante anos, pelo que não há razão para achar que de repente vão mudar sua forma de fazer. A única coisa prudente é assumir que isto não é toda a verdade”. Um exemplo de como se desenvolveu também entre os religiosos dos Estados Unidos o gosto pela pedofilia, a proteção ficou clara pelas hierarquias católicas mais altas. Disso bem podem falar o bispo Roger Mahony, antes citado, protetor de pederastas fugidos de México, ou monsenhor Bernard Law, outro protetor de padres abusadores e protegido a sua vez por Juan Pablo II, quem o designou para ocupar um alto cargo no Vaticano.
No outro extremo do continente americano, na Argentina, os casos de abuso sexual por parte de sacerdotes não têm chegado ainda ao nível estatístico atingido em outros países. Mas, como dizem das bruxas, existem. Seguramente deve-se a um bem azeitado engrenagem de ocultamento, como em todos os casos. Inclusive têm corrido rumores de que enaltecidos monsenhores têm atirado alguma “canita ao ar” nesta questão, rumores que chegaram a roçar o próprio arcebispo de Buenos Aires e Cardeal Primado da Argentina, quem por sua vez contou com vários votos a favor durante o conclave que no ano anterior elegeu ao sucessor de Juan Pablo II, um teatro armado para a paróquia, cabe esclarecer, já que quem o sucedeu já era Papa pouco antes que Karol Wojtyla falecesse “oficialmente”.
Um caso emblemático e de muito alcance nos meios de imprensa — conquanto atualmente encontra-se algo estancado em tal sentido — é o do sacerdote Julio César Grassi. A partir da investigação de um programa televisivo em 2002, que pôs em evidência abusos sexuais cometidos por este contra menores de idade que se alojavam na Fundação “Felizes os Meninos”, por ele presidida durante vários anos, o tema atravessou por diversas instâncias e batalhas judiciais, que chegaram ao extremo de que, quando estava a ponto de se iniciar o julgamento oral e público contra o sacerdote, no último momento foi apartado o triunvirato de juízes que iam atuar, acusados de parcialidade manifesta, a favor de Grassi. O sacerdote, que já se envaidecia junto a seu exército de advogados de onerosos bens, pelo que considerava ia desembocar numa declaração de inocência. Veja agora como as coisas dão voltas: foi designado outro trio de magistrados para julgá-lo; algumas perícias psiquiátricas realizadas na província de Santa Cruz, onde também protagonizou casos de abuso sexual, arrojou como resultado — como se citou anteriormente — que a personalidade de Grassi é a de um “pedófilo com marcados sintomas de narcisismo e megalomania”; apareceram novas testemunhas abusadas pelo sacerdote que antes não se atrevia a declarar; e boa parte de sua equipe de advogados renunciou a continuar lhe patrocinando.
Conquanto a data do novo julgamento ainda esteja um tanto nebuloso, resultaria agora mais claro que Grassi já não irá ganhar todas, como se vangloriava no princípio. Também tem diminuído à freqüência com que o entrevistavam alguns diários ou o convidavam a seus programas televisivos certos jornalistas, alguns deles próximos ao “Opus Dei”, que o transformavam em vitima, lhe fazendo objeto de um “complô” e lhe dando espaço para que se pronuncie a gosto sobre sua pretendida “inocência”.
Os outros dois casos que chegaram ao conhecimento público na Argentina são os protagonizados pelo arcebispo de Santa Fé, monsenhor Edgardo Storni - cuja conduta era seguida pelo Vaticano desde 1994, mas nunca se conheceu o resultado do sumário, já que se ocultou o expediente -, e pelo titular da diocese de Santiago do Estero, monsenhor Carlos Maccarone. O primeiro, acusado de abusar de cinqüenta seminaristas, conseguiu ao que parece uma melhor proteção que Maccarone, já que continuaria, ainda que afastado da função sacerdotal, “em algum lugar” da província de Santa Fé, enquanto este último, que chegou a ser filmado durante umas relações mais que duvidoso com um jovem taxista, teve que renunciar a sua diocese e, ante a quantidade de provas contra ele, o Papa não pôde lhe conceder o benefício de um translado dentro do país, como costuma ocorrer neste sistema de encobrimentos, e foi transferido a cumprir uma vida de penitência” no México. Um dos detalhes que enfeitam a corrente viciosa de Edgardo Storni aparece no capítulo 9 do livro “Nossa Santa Mãe. História pública e privada da Igreja Católica Argentina”, da jornalista Olga Wornat, a qual se transcreve a seguir:
O Príncipe e o Pastor
“Era de noite. Chamaram-no ao dormitório principal. O garoto foi achando que devia cumprir alguma de suas obrigações diárias de cerimonial. Entrou à habitação só alumiada por dois veladores de bronze e uma estranha sensação de intimidação lhe inundou o corpo e o incomodou. Tratou de não pensar e obedeceu as diretrizes de seu superior. Ajudou-o a tirar a roupa. Fez com pudor, mas achando que era algo normal no seminário e que tinha que se acostumar às normas desse lugar no qual tinha chegado fazia três dias. Tremulo em frente ao corpo sexagenário, sacou-lhe peça por peça… Quando terminou, viu cair o corpo flácido do arcebispo sobre a cama, com sua desnudes só coberta com uma toalha. O garoto achou que já tinha cumprido com sua tarefa e se dispunha a se retirar, mas se equivocou. Jogado no leito de duas praças com respaldo de bronze, monsenhor chamou-o insinuante e pediu-lhe que o massageasse. Cada vez mais nervoso, mas movido pelo medo e o respeito que lhe infundia a figura, o seminarista apoiou suas mãos sobre a pele pálida, rosada e fofa, e começou a friccionar. Das massagens seguiu a desnudes completa e o pedido de que se deitasse ao lado, e que o acariciasse em todo o corpo, mas, sobretudo nos genitais.
“Confundido, turbado e temeroso, o rapazinho recém vindo do campo, filho de uma família humilde, obedecia e escutava as palavras serenas e incentivadoras que o alentavam: “- Isto não é pecado filho, eu sou monsenhor Storni, um pai para todos vocês, os seminaristas. Nosso amor tem que ser compartilhado. Deus vê bem esta mostra de amor entre dois homens, entre um pai e seu filho. Ele nos apóia desde o Céu.” “Quando terminaram, o garoto saiu perturbado do dormitório episcopal e se encerrou no seu dormitório. “Um colega observou que ele estava muito abatido, perguntou lhe se podia ajudar e ele lhe relatou, chorando, o sucedido”. Com uma careta indescritível de dor, vergonha e asco, um ex-seminarista de Santa Fé relatou-me assim a experiência que lhe confessou aquele garoto saído da zona rural. Desde esse momento, a fonte converteu-se em ouvido eleito por aquele rapaz, e depois por tantos outros, para vomitar a dor e a confusão dessas relações “incestuosas” e abusivas nas que se envolveram, seduzidos ou empurrados, pelo religioso mais importante da Arquidiocese de Santa Fé dos últimos dezessete anos.
Como dizem por aí: “Um botão basta de mostra, os demais… à camisa”.
As freiras também atraem
Há muitos sacerdotes abusadores que não desprezam, por suposto, não desperdiçar a um corpo feminino. Passando por todas as épocas e desde o “tigre do século XVII”, Gaspar de Villarías, até hoje, abundam os casos de sacerdotes que não se resistem à debilidade da carne quando aparece alguma colaboradora pela sacristia ou quando compartilham tarefas evangelizadoras com freiras. E são abundantes estes últimos casos, a ponto tal que já existem várias organizações configuradas por religiosas para defender seus direitos, fartas de se verem trabalhando como escravas ao serviço dos sacerdotes e também, o mais grave, como “carne sacerdotal”. Em março de 2001 tornaram-se públicas denúncias feitas em um nível muito alto sobre o abuso generalizado de freiras na África por parte de sacerdotes e o encobrimento do Vaticano. A realidade e magnitude do problema foi descrito a um repórter por Sor María McDonald, mãe superiora das Misioneras de Nossa Senhora da África. Seu relatório, titulado “O problema do abuso sexual a religiosas na África e Roma”, foi minimizado pelas hierarquias do Vaticano. O pai Noktes Wolf, abad primate dos monges beneditino tem afirmado, no entanto, que o abuso contínuo de freiras africanas é uma realidade e não um assunto de casos isolados. Então surge a pergunta: por que os abusos precisamente contra freiras e religiosas? Simplesmente por isto: na África, as freiras converteram-se num grupo especialmente vulnerável porque o voto de castidade faz delas candidatas menos prováveis para serem portadoras do vírus do SIDA (AIDS). Portanto são consideradas “colegas sexuais seguras” por muitos clérigos.
A extensão e falta de resposta deste fenômeno tem provocado protestos formais de parte de freiras a um alto nível. Por exemplo, a Conferência de Estudo das Irmãs da África Oriental (SEASC - suas siglas em inglês) denunciou formalmente estes abusos, através de suas delegadas, ante a Conferência de Bispos da África Central e Oriental, depois de sua reunião em Kampala, Uganda, em agosto de 1995. A SEASC tem a representação de 15 mil freiras de oito países africanos e conta com uma força considerável. Em sua queixa formal diziam: “Consideramos isto um assunto de justiça, o qual achamos que já não pode ser ignorado”. Por sua vez as freiras mexicanas, fartas dos constantes atropelos que vão desde ser utilizadas como simples serventes até sofrer violações sexuais de seus superiores religiosos, começaram também a se integrar num grande movimento internacional de protesto. Através de organizações mundiais como a Federação Internacional de Freiras ou a Coalizão de Freiras Americanas, as religiosas já organizam seus próprios “sínodos” e encontros internacionais para bombardear com suas demandas o Vaticano, mas já vão bem mais além de exigir um basta aos abusos sexuais. Estão a pedir além do que se acha um “ombudsman religioso”, o celibato opcional, exercer suas preferências lésbicas e serem sacerdotisas e bispas. Questões que ao Papa e ao corpo cardinalício os deixam mais vermelhos que a cor de seus capelos, e não de vergonha senão de ira.
Esta rebelião das freiras, que nos últimos quatro anos vai provocando choques a cada vez mais freqüentes com o Vaticano, coincidiu, por exemplo, em 2003 com a exibição, no México, do filme “No nome de Deus”, onde se revelam os maltratos, os abusos, incluindo os sexuais, e as vexações que milhares de mulheres desamparadas, mães solteiras e jovens violadas sofreram na congregação católica Irmãs da Magdalena, na Irlanda, durante a década de 1970 e até meados de 1980.
Conquanto não seja habitual encontrar este tipo de informação em muitos meios de imprensa, já seja pela censura vaticana, a governamental ou por se tratar de meios muito vinculados de uma maneira ou outra à Igreja, pode se apreciar que no México e outras partes do mundo, também as freiras já estão a lutar contra o complô de silêncio que pretende cobrir, como uma sombra, os abusos de que é objeto.
SIDA (AIDS) na Igreja
Outra realidade inquestionável sobre a qual a hierarquia católica exerce, teimosamente, a censura ou o ocultamento — tentando preservar à força uma imagem que já se lhe escapou das mãos faz tempo — é a existência do SIDA (AIDS) entre seus membros. Já em janeiro de 2000 o diário norte americano “The Kansas City Star” tinha feito uma investigação que revelou que “centenas de sacerdotes católicos morrem de SIDA (AIDS) nos Estados Unidos e mais centenas vivem com o vírus que causa a doença”, assinalando que “a Igreja e as ordens religiosas precisam reconhecer que existe um problema, que os sacerdotes praticam o sexo e que são susceptíveis às doenças de transmissão sexual, inclusive o SIDA (AIDS)”.
Segundo esse diário, “a cifra de sacerdotes que têm morrido por SIDA é difícil de determinar, mas ao que parece a doença provoca ao menos mais quatro vezes mortes entre sacerdotes que entre a população geral dos Estados Unidos, de acordo a depoimentos médicos e a análises de saúde, enquanto centenas vivem com o vírus de imune deficiência adquirida (HIV)”. Indica ademais que o fato de que o número exato de sacerdotes que morrem por SIDA (AIDS) ou infectados seja desconhecido, se deve em parte a que muitos deles sofrem seu padecimento em forma solitária, sem o revelar a ninguém, e que quando decidem comunicar a seus superiores, os casos se manejam geralmente de maneira calada. Cita o caso de Farley Cleghorn, um epidemiólogo do Instituto de Virologia Humana da cidade de Baltimore, quem declarou ao diário que tratou a uns vinte sacerdotes com SIDA (AIDS), os quais mantiveram sua doença em segredo.
Esta questão foi tratada, sem sensacionalismo algum, num filme britânico que as autoridades eclesiásticas tentaram censurar ou boicotar faz poucos anos (como o tentaram em meados deste ano com “O Código Dá Vinci“). Trata-se de “Deus salve-te” (”Conspiracy of silence” seu título original), filme que aborda o tema do celibato e denuncia o silêncio da Igreja em torno da epidemia de SIDA (AIDS) dentro mesmo da instituição. A história, cujo roteiro foi premiado pela International Screenwriting Awards, está localizada na católica Irlanda atual, e começa com a comoção causada por um sacerdote que se atreve a denunciar, no meio de um concilio do Vaticano, que na Igreja há religiosos morrendo de SIDA (AIDS), pelo que é severamente sancionado e enviado fora do país. A imagem mais impactante do filme é aquela que mostra as palmas das mãos do religioso com a legenda pintada “A Igreja morre de SIDA (AIDS)”, coladas desesperadamente ao cristal da limusine que o leva forçadamente ao aeroporto. O caso é que as mortes de sacerdotes por SIDA (AIDS) têm semeado tanta preocupação na Igreja, que a maior parte das dioceses e ordens religiosas estão a requerer atualmente aos aspirantes ao sacerdócio que se submetam a um exame de HIV antes de sua ordenação. Sempre em baixo da mais absoluta descrição, obviamente. Ao menos o bispo Raymond Boland, titular da diocese de Kansas City reconheceu sem disfarce que as mortes por SIDA (AIDS) mostram que “os sacerdotes são humanos”.
Sombras finais
Como corolário desta longa série de exemplos sobre a marcha na contramão da Igreja, cabe se referir a outro dos ocultamentos propiciados pelo Vaticano.
O fiscal chefe do Tribunal Penal Internacional para a antiga Yugoslávia (TPIY), a suíça Carla do Põe-te, vem acusando faz tempo à Igreja Católica e à hierarquia vaticana de ocultar ao general Ante Gotovina, de 50 anos, a quem muitos croatas consideram um herói nacional, mas que por seus crimes de guerra é uma das pessoas mais procuradas junto ao ex líder serbobosnio Radovan Karadzic e ao general Ratko Mladic. O general Gotovina permanece com paradeiro desconhecido desde 2001, quando foi acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Ex-oficial da Legión Estrangeira francesa, Gotovina supervisionou e supostamente tolerou a matança de ao menos 150 civis sérvios e a deportação forçada de uns 200.000, depois de uma ofensiva para impor de novo o controle croata na região de Krajina. Por sua vez, o governo croata é acusado pela comunidade internacional de insuficiente cooperação para dar com o paradeiro do geral, o que vem afetado negativamente seus esforços por negociar sua adesão à União Européia.
A promotora suíça, que é católica, diz estar decepcionada em extremo” pelo muro de silêncio do Vaticano, depois de meses de chamados segredos a seus mais altos servidores públicos, incluído um dirigido diretamente ao Papa Benedicto XVI, todos eles sem sucesso. Do Põe-te, numas declarações publicadas no ano anterior pelo diário britânico “The Daily Telegraph”, disse que “o Vaticano poderia assinalar exatamente em qual dos 80 monastérios católicos da Croácia tem encontrado refúgio o general Gotovina”, e denúncia: “Tenho informação de que está escondido num monastério franciscano e que a Igreja Católica lhe protege. Tenho tratado o assunto com o Vaticano, que se nega a cooperar comigo”. A promotora viajou inclusive a Roma para transmitir-lhe essas informações sobre o paradeiro de Gotovina ao ministro de Relações Exteriores do Vaticano, o arcebispo Giovanni Lajolo, mas este, além de lhe solicitar que lhe proporcione “provas da suposta proteção”, lhe disse não poder ajudar com o argumento de que “o Vaticano não é um Estado e não tem a obrigação internacional de ajudar às Nações Unidas a rastrear criminosas de guerra”.
Estranha resposta do prelado, se atemo-nos a que sempre se falou do “Estado Vaticano” e que este conta, entre seus servidores públicos de maior hierarquia, precisamente com um “secretário de Estado”. No entanto não estranha tanto que a hierarquia católica se mostre tão escorregadiça respeito dos criminosos de guerra, quando esta proteção tem antecedentes como o do papa Pío XII, quem como já é sabido facilitou a fuga para diferentes países da América, incluída a Argentina, de centenas de oficiais nazistas, não bem terminada a Segunda Guerra Mundial, até providenciou passaportes do “Estado Vaticano” tão desconhecido por seu atual ministro do Exterior.
Para concluir, cabe mencionar que o Vaticano está a receber com inocultáveis mostras de desgosto o aparecimento, além de filmes que o deixam em posição delicada, como os já citados “Deus te salve” e “No nome de Deus”, de documentários, livros e diversas expressões que põem em evidência seu sombrio processo. Tal o que ocorreu com o documentário que recentemente foi projetado na cadeia de televisão britânica BBC em seu programa de investigação “Panorama”, no que um relatório acusa ao Papa Benedicto XVI e à Igreja Católica de ter impulsionado uma política de ocultamento dos casos de abuso sexual de menores dentro da instituição. O Dito programa revelou um relatório secreto escrito pela Igreja em 1962, no que se insiste aos sacerdotes de manter em segredo os casos de pederastia, e assinalou também que o atual Papa redigiu, por sua vez, um documento para proteger aos sacerdotes acusados de abuso sexual a meninos e para esconder estes casos. Agrega inclusive que Benedicto XVI, quando era cardeal, seria o encarregado de que se cumprissem as diretrizes daquele relatório de 1962.
O produtor executivo do programa, Colm Ou’Gorman, ratificou as acusações: “Ao Vaticano não se importa com a proteção dos meninos para evitar os abusos, só lhe interessa proteger à Igreja como instituição”. Para tanto, o pai Tom Doyle, ex-advogado da Igreja que foi despedido do Vaticano por criticar a forma em que a instituição tratava os casos de pederastia, assinalou rotundamente no citado programa, ao interpretar o relatório em questão: “Trata-se de uma política escrita e explícita para cobrir casos de abusos de menores dentro da Igreja”. Este aberrante tema foi tratado também num livro de ficção, mas escrito sobre bases sólidas. Do recente aparecimento e em venda já em mais de vinte países, “Espião de Deus”, que começa com a morte de Juan Pablo II e é a primeira novela do jovem jornalista espanhol Juan Gómez Jurado que denuncia os abusos sexuais a menores por sacerdotes. O autor viu acordada sua curiosidade pelos abundantes casos de abusos ocorridos nos Estados Unidos, o que o levou a viajar a esse país para conhecer o tema “in situ”. Ali se transladou por diversas cidades, onde se contatou com numerosas vítimas que têm criado várias associações, e chegou a conhecer a existência de centros de reeducação para sacerdotes pederastas. Como tem podido se apreciar nesta longa resenha, a Igreja Católica em geral e o Vaticano em particular, que têm pretendido mostrar sempre uma cara revestida de sacrifício e santidade - à margem do boato e as riquezas que não condizem com a humildade cristã -, têm nos fatos outra totalmente oposta àquela, uma realidade demonstrada por suas falências e contradições: o sustentar com todo rigor o celibato através do tempo tem produzido todo o tipo de distorções mentais entre seus representantes; seus desonestos políticos levam ao Vaticano a atuar, ainda que seja “entre bambalinas”, como uma potência mais no concerto mundial e, se a ocasião o amerita, até a proteger criminoso de guerra; e a lista continua e é muito longa. Demasiado longa.
O que está a conseguir a Igreja, que já não pode ocultar fatos que pretendeu manter ocultos através dos tempos, é afastar dela cada vez mais católicos, desprotegidos sem atenção, e que os seminários se encontrem a cada vez mais vazios.
Em suma, dedicou-se minuciosamente a desvirtuar totalmente a missão para a qual foi chamada, faz mais de dois mil anos, por um enviado que viveu como homem e que morreu achando que essa morte era a chave para um mundo melhor. Uma chave que seus supostos representantes arrojaram faz muito tempo ao vazio.
http://www.avizora.com/atajo/colaboradores/textos_carlos_machado/0022_crisis_moral_iglesia.htm
http://www.kaosenlared.net/noticia.php?id_noticia=25598
(1) Carlos Machado é Jornalista da Tribuna de Periodistas da Argentina, Paz Digital, além de outros sites e periódicos.
2 comentários:
C/O FAÇO P/ TER ACESSO AO LIVRO E FILME: VOTOS DO SILÊCNIAO?
Não creio que essa instituição "igreja católica apostólica romana" tenha sido algum dia a igreja, a igreja menciona por Jesus Cristo. Desde o dia que a igreja foi denominada "igreja católica apostólica romana" ela foi perdendo sua identidade com o divino e se identificando com o profano, e assim, a Noiva que era de Cristo casou-se com o Estado e hoje é essa depravação total. Jesus Cristo não tem parte com isso que se encontra nesse meio. Diante do que tenho lido e o que assisti no documentário "Deliver Us From Evil" posso dizer que é no Vaticano que Satanás habita, bem como seus anjos do mal.
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