quinta-feira, 13 de setembro de 2007

FLORES DE LÓTUS E A PODRIDÃO DA MAIORIA

- Quando vejo a situação do País em que vivo, fico preocupado com as gerações tipo “Big Brother” ou “Coca-Cola da boa” que estão crescendo em meio a uma sociedade de valores decadentes; fico preocupado com os meus filhos e sobrinhos que irão conviver com este estado que não é mais futurístico; fico preocupado com a mentalidade predadora, consumista globalizada e concentradora de rendas.

- A maneira que encontrei para debater certas verdades é alertando alunos, acadêmicos e escrevendo neste humilde blog, alguns pontos de vista que, diga-se de passagem, podem ser modificados, pois nada é para sempre. Quem sabe este estilo de vida que eu critico é o verdadeiro e que se dane o restante. É fundamentar científicamente e talvez eu possa aceitar e entrar na dança da modernidade, onde família, ética e moral são apenas detalhes cada vez mais insignificantes.

- Esta semana duas informações importantes me chamaram a atenção na mídia: um projeto para extinguir o exame de ordem da OAB e a absolvição do senador Renan Calheiros pelo desgastado Senado Federal desde os tempos do Marechal Floriano. Informações estas que, de uma certa maneira, tem a ver com o primeiro parágrafo.

- De acordo com o excelente jornal, a Folha de Boa Vista do Estado de Roraima, uma proposta do senador Gilvani Borges (PMDB-AP) tramita no Senado Federal propondo a extinção da prova de ordem da OAB.

- O digníssimo senador deve de estar horrorizado com a aprovação de poucos bacharéis (em torno de trinta por cento apenas) e, por uma questão de lógica, nada melhor que tentar extinguir o exame de ordem. Para que se preocupar com a qualidade de ensino que os bacharéis receberam, principalmente de IES privadas de caráter duvidoso. Para que se preocupar com á ética, moralidade e conhecimentos profissionais deficitários. Para que se preocupar com valores e princípios universitários voltados para a eqüidade, para o bem comum, para o desenvolvimento sustentável, para a aceitação e apreço a diversidade, para que se preocupar com a sociabilidade e solidariedade, para que se preocupar com a democracia e participação.

- Porquê será que esta iniciativa de extinguir o exame de ordem da OAB não partiu de senadores como Pedro Simon (RS), Jéfferson Péres (AM), Eduardo Suplicy (SP) e porquê que o ex-candidato “de uma nota ”, Cristovam Buarque, não teve essa idéia salvacionista do senador Gilvani que, na sua concepção, irá trazer benefícios aos que são desmascarados nas provas da OAB, deixando transparecer o péssimo ensino ministrado por um grande número de IES privadas?

- Por outro lado, o que se pode esperar de um Senado que, através de votos secretos, inocentou o presidente da casa, o senador Renan Calheiros, mergulhado em atos, no mínimo imorais, divulgados pela imprensa. O que se pode esperar de tudo isto quando o próprio governo Lula tem interesse na inocência desse senador. O que se pode esperar quando muitos dos que apoiaram o senador Renan estão envolvidos com diversos atos ilícitos pérfidos. Se o voto fosse aberto, com certeza o resultado seria outro, pois muitos não teriam a coragem de publicamente serem permissivos com a imoralidade, com o crime, com a corrupção que corrói o nosso Brasil. É simplesmente patético vermos a tudo isto e não se poder fazer nada para romper o ciclo dos criminosos que são eleitos por votos de um povo que necessita de conhecimentos educacionais e de muita cidadania.

- Parcela expressiva desses políticos se mantém no poder graças a votos de pessoas analfabetas, pessoas de parcos conhecimentos educacionais e sem um senso crítico aguçado de integridade, liberdade, dignidade e cidadania. Pessoas controladas por mídias locais que manipulam a consciência dos eleitores ignaros e os induzem ao erro ou simplesmente compram o voto com alguns reles trocados.

- A única saída para esses males, seria ministrar remédios amargos, ter uma justiça imparcial rápida e não parcial lenta, pois quem tem dinheiro neste País mergulhado em corrupção a mais de quinhentos anos, consegue fazer manobras que até Deus dúvida.

- A outra saída seria uma verdadeira revolução no Ensino Médio e nas Instituições de Ensino Superior, preparando os cidadãos com uma visão crítica, mais cidadania e conhecimentos centrados na transdisciplinaridade. Uma democracia com um povo bem instruído, com princípios éticos e morais traria benefícios a todos, menos aos criminosos de colarinho branco é obvio.

- Quem terá a coragem de começar as mudanças e ministrar os remédios amargos, para que a uma verdadeira democracia seja instalada. Com certeza pessoas como Renan Calheiros, teriam dificuldades de se manter no poder e não teríamos propostas esdrúxulas como a do senador Gilvani que é inviável para o momento em que estamos vivendo, paraíso das IES privadas de educação duvidosa e esfacelamento das públicas.

- Vamos aguardar as mudanças que com certeza virão e espero que não seja a ampliação do lodaçal fétido criado por alguns grupos de direito ou de esquerda onde nem mesmo a flor de lótus[1] irá conseguir desenvolver-se.

- Vejam o caso do Senado. É um pântano fétido, mas ainda existem algumas flores de lótus que não se contaminaram. Até quando elas irão resistir?

- Quem viver ou sobreviver terá as respostas em poucos anos!

- E enquanto as respostas não chegam que tal empreender na tua comunidade o pensamento abaixo:

“Cultive a VIRTUDE em seu íntimo e a VIRTUDE será real. Cultive a VIRTUDE na família e a VIRTUDE florescerá. Cultive a VIRTUDE na vila, e a VIRTUDE se espalhará. Cultive a VIRTUDE na nação e a VIRTUDE será abundante. Cultive a VIRTUDE no mundo e a VIRTUDE triunfará em todo lugar”. - Lao Tzu -



[1] A flor de lótus é a única planta que frutifica e floresce simultaneamente. Nasce no meio de pântanos fétidos, em meio à lama e a sujeira. Apesar de tudo se mantém pura. Ela simboliza a perseverança diante do impuro.

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