domingo, 5 de junho de 2011

OS MESMOS DE SEMPRE

          O Senado Federal sempre teve pessoas de caráter duvidoso, eleitos por cidadãos miseráveis dos grandes bolsões de miséria de todos os rincões do território nacional. Rincões esses transformados em verdadeiros currais eleitorais a longas décadas e abandonados pelo Estado.

          Algumas dessas pessoas, eleitas dessa forma, sempre acabam revelando os seus verdadeiros e pérfidos interesses maquiavélicos. Deixam transparecer o lodo fétido das suas almas e acabam por contaminar o desenvolvimento social, ético e moral do nosso País através da corrupção e do crime organizado globalizado.

          Pessoas que, apesar de inúmeras denúncias ao longo das décadas, permanecem incólumes, sempre atreladas ao poder, sempre ludibriando, arquitetando, mentindo, enriquecendo à custa do Estado etc. e assim vão influenciando o (in)desenvolvimento social do nosso País. Para isto basta ver o nível da nossa educação, o nível da segurança prestada à população, a impunidade crescente dos crimes de corrupção e a péssima saúde pública prestada pelo Estado aos cidadãos, os quais são os pagadores dos mais altos impostos do mundo e o retorno é altamente duvidoso.

            Por esse caminho de tantos desmando, esta semana ocorreu mais um pequeno detalhe, quase insignificante, mas mostra a tentativa de escamotear acontecimentos históricos de grande importância para as novas gerações. Na inauguração do Tunel do Tempo(1), o qual conta a história do Senado Federal, estava ausente o painel histórico sobre o impeachment do ex-presidente Collor de Mello, agora Senador da República, eleito pelo povo de Alagoas, um dos Estados mais pobres da Federação brasileira.

            Inquirido pela imprensa o presidente do Senado Federal chegou a argüir que o impeachment de Collor foi apenas um “acidente” na História do Brasil e não mereceria espaço na galeria.

            Felizmente, como houve muita repercussão negativa, o Senador Sarney ordenou que o painel fosse recolocado.

            Esse pequeno detalhe me fez lembrar que ainda estamos vivendo dentro de um regime democrático, apesar de imperfeito, apesar de tantos desmandos, ainda existem alguns freios.

          Outrosssim, apesar das inúmeras tentativas de alguns políticos de tentar amordaçar a imprensa e outros segmentos da sociedade, além de tentarem distorcer fatos da história do Brasil, fica demonstrado que alguns segmentos não estão totalmente dominados e permanecem atentos, prontos para denunciarem o maquiavelismo de muitos políticos oportunistas, corruptos e muitos envolvidos em crimes de lesa-pátria.

            Por essa vertente, para poder entender um pouco da história e da permanência na vida política desse Senador, o qual acha que o impeachment do ex-presidente envolvido em corrupção é apenas um detalhe insignificante, seria interessante que todos os brasileiros pudessem ter a plena consciência das manchetes do passado e do presente, publicadas pela imprensa livre sobre a pessoa desse político e a leitura crítica do livro “Honoráveis Bandidos”(2), do corajoso jornalista investigativo Palmério Dória, lançado em 2009.

            Quem adquirir esse livro irá encontrar em seus capítulos outros nomes de políticos como, por exemplo, o de Renan Calheiros, Romero Jucá, Edison Lobão, Jader Barbalho, Michel Temer etc., todos envolvidos na teia e diversas vezes denunciados pela revista Veja e outras mídias.

            Só lastimo que foram poucas pessoas que já leram essa obra, pois a maioria da população é avessa a livros, obviamente influenciados por uma educação pública considerada uma das piores do mundo, onde até mesmo um ex-presidente da República chegou a comentar que ler é chato demais.

           Para tanto, a título de informação, para os que se interessarem, coloquei uma pequena sinopse desse livro:

            Um dos jornalistas mais respeitados do país conta os bastidores do surgimento, enriquecimento e tomada do poder regional pela família Sarney. Do Maranhão ao Senado, o livro mostra os cenários e histórias protagonizadas pelo patriarca que virou presidente da República por acidente, transformou o Maranhão no quintal de sua casa e beneficiou amigos e parentes. Com 50 anos de vida pública, o político mais antigo em atividade no país enfrenta escândalos e a opinião pública. É a partir daí que o livro puxa o fio da meada, utilizando as ferramentas do bom jornalismo investigativo. Sempre com muito bom humor, o jornalista faz um retrato do Brasil na era Sarney, os mandos e desmandos do senador e seus filhos, no Maranhão e no Congresso Nacional.

            Enfim, apesar de todas as denúncias de corrupção, esse político e muitos outros continuam sendo reeleitos a cada pleito, tendo vários de seus crimes já prescritos e outros a prescreverem ainda este ano pela demora no judiciário ou pela utilização de dezenas de recursos por seus advogados. Tudo isso, simplesmente escancara a impunidade e a incapacidade do povo de mudar a história política desse País. Povo esse que é controlado por diversos mecanismos sutis de controle social e, mesmo sem saber, marcha, como uma boiada mansa, em direção ao matadouro da história do Brasil em mais de quinhentos anos de corrupção.

 

(1) http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Pol%EDtica&newsID=a3332079.xml
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Pol%EDtica&newsID=a3331856.htm
(2) http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/honoraveis-bandidos.shtml

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