sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A REPÚBLICA DA IMPUNIDADE



"Corrupção, a partir de certo nível, exige que todos sejam corruptos. Quem se recusa é alvo de pressões insustentáveis. É um processo de seleção negativo."( Ladislau Dowbor )


- Cada vez mais fica evidente que no Brasil  dificilmente alguém da classe mais abastada, ao cometer crimes, terá uma sentença condenatória justa e perfeita.

 

- Basta apenas ver o desenvolvimento e o resultado das várias ações criminais e das decisões tomadas pelas estâncias judiciárias brasileiras, principalmente quando envolvem os economicamente abastados, políticos e seus “compañeros” para se verificar a magnitude do colapso ético e moral a que estamos sendo submetidos.

 

- Neste sentido, a revista Veja, em sua edição 2236, desta semana, mais uma vez, chama a atenção dos poucos cidadãos que ainda conseguem ficar indignados, sobre as perigosas sombras que rondam a República da impunidade e sua democracia imperfeita, com a anulação, pelo STJ, em tempo recorde, sem pedido de vistas etc., das provas colhidas pela Polícia Federal, as quais desmascararam, mais uma vez, a “famiglia” do político “incomum” José Sarney. A “famiglia” desse político está envolta em diversos crimes(1) a decádas. Atualmente esse cidadão (se é que podemos chamar de cidadão), chefe do clã Sarney, é senador não pelo seu empobrecido Estado e sim pelos votos da população, intelectualmente anêmica e financeiramente dependente, dos grotões do Estado do Amapá. Na realidade não foi nenhuma surpresa a anulação das provas coletadas pela Polícia Republicana da Operação Boi Barrica pelo STF. O próximo a ser inocentado, provavelmente será o “compañero” José Dirceu, envolvido em inúmeros crimes. Afinal de contas, a Constituição e inúmeras legislações criadas pelo legislativo, acabam favorecendo a corrupção e seus articuladores (fichas sujas). Alguém duvida?

 

- Outrossim, a revista ainda comenta a impunidade de vários políticos corruptos(2) e entre eles são citados: – 1. Romero Jucá, senador pelo Estado de Roraima. Está envolto em vários crimes eleitorais, desvio de verbas públicas e fraude financeira, tendo vários dos seus crimes, contra o povo brasileiro, já prescritos e, mesmo assim, continua  sendo reeleito e atualmente é líder do governo Dilma no Senado; – 2. Jader Barbalho, outro criminoso, envolto em crime de formação de quadrilha e  de outras falcatruas, o qual aguarda julgamento com enormes chances de ocorrer a prescrição. Nas últimas eleições, por incrível  que pareça, foi eleito, pelo povo do Pará, senador da República; – 3. Paulo Maluf, acusado de desviar verbas públicas para o exterior. Esse criminoso já foi condenado até nos Estados Unidos, mas na Republica da impunidade, não há nem previsão para o seu julgamento.  Atualmente tem foro especial por ter sido eleito deputado. Provavelmente seu crime, como outros, irá se prescrever em pouco tempo. – 4. Fernando Collor, ex-presidente, foi deposto por corrupção e o STF o absolveu por falta de provas. Atualmente é senador pelo empobrecido e violento Estado de Alagoas. – 5. Daniel Dantas, banqueiro envolto em crimes contra o sistema financeiro. Chegou a ser condenado  a dez anos por corrupção ativa, porém o STJ anulou o processo por irregularidades. Continua impune até hoje e gozando do lucro dos seus crimes em prejuízo daqueles que já pagam os mais altos impostos do planeta, ou seja, o sacrificado e adormecido contribuinte brasileiro, principalmente os mais pobres.

 

- Na realidade, esses nefastos e cancerosos personagens representam apenas uma pontinha do iceberg, pois existem centenas de outros políticos e apadrinhados, principalmente de “companheiros”, do mesmo quilate dos citados pela revista Veja nas últimas décadas, os quais são eleitos ou reeleitos por um povo anêmico de conhecimentos e programada para continuar elegendo bandidos da pior  espécie possível. Todos a serviço dos últimos governos, do atual governo(3) e da companheirada. É duro não ser “compañero”, “compiche”, “acompañante” nesta República de corruptos!

 

- No mesmo rastro de impunidade, só para complementar, o advogado Sergio Leonardo de Campos Braga(4), sobrinho do senador Jayme Campos e do deputado federal Julio Campos, foi condenado a 12 anos. Teve o seu crime prescrito, na semana passada, pelo assassinato de um pobre eletricista em 1995 por motivo extremamente fútil. Graças a uma série de recursos não ficou um dia preso e, obviamente, ficará impune, afinal de contas, nesta República, os ricos, políticos, ou apadrinhado dos poderosos dificilmente e diferentemente de outros países, com uma justiça mais correta e eficaz, ficarão atrás das grades para o desespero das famílias vitimadas que buscam justiça em País que caminha, paulatinamente, para um estado de anomia.

 

- Ah! Já ia me esquecendo! O famoso jogador Edmundo, conhecido também como “animal” teve o seu crime prescrito recentemente pelo homicídio culposo de três pessoas e lesões corporais em mais três pessoas, em um acidente de trânsito em 1995. Afinal de contas, teve dezenas de recursos a sua disposição e muito dinheiro para se manter fora das grades. É assim que funciona o sistema!

 

- Outrossim, para facilitar a vida desses novos e velhos criminosos de gravata de seda e ternos de grife, agora temos a nova lei 12.403/2011, a qual também irá beneficiar milhares de criminosos pobres presos ou não, os quais estarão nas ruas das nossas cidades, em meio a uma população desarmada,  dominada pelo medo e com uma segurança e judiciário deficientes mantidos pelos Estados da Federação Brasileira. São fatos, fotos e atos da República da Impunidade desde 1889.

 

- E assim, a República, que surgiu por meio de um golpe militar em 1889(5), vai dando guarida e proteção a terroristas internacionais, a banqueiros(6) corruptos (o Brasil sempre foi uma colônia de banqueiros), a políticos corruptos e aos detentores de grandes fortunas, pouco importando as origens dessas fortunas. Um show de maravilha para a bandidagem de colarinho branco.

 

- Além do mais, pelo visto, o próprio judiciário da República da Impunidade está infectado(7) e no dizer da honorável e altamente eficaz corregedora nacional de justiça, ministra Eliana Calmon, em 2010, em uma entrevista para a revista Veja(8): o “Judiciário está contaminado pela politicagem miúda, o que faz com que juízes produzam decisões sob medida para atender aos interesses dos políticos, que, por sua vez, são os patrocinadores das indicações dos ministros”. Mais recentemente, em 2011, em uma entrevista para a Associação Paulista de Jornais(9): É o primeiro caminho para impunidade da magistratura, com problemas de infiltração de bandidos atrás da toga”.


- Enfim, por tudo isto e por muito mais, a saída é a sociedade, pelo menos aqueles que ainda não foram programados pelos criminosos que ai estão, organizar-se e unir-se contra a corrupção, adquirir mais conhecimentos da verdadeira historia do Brasil e não das meias verdades escritas nos livros escolares e outras mentiras propagadas pelos sucessivos governos corruptos, submissos ao capital estrangeiro e a persistência do ranço do coronelismo na política brasileira. Somente com uma sociedade organizada, esclarecida e em luta contra a corrupção infiltrada, perigosamente, nos três poderes da República é que se conseguirá resguardar os verdadeiros interesses republicanos e democráticos e não dessa grande farsa montada nas últimas décadas, tanto pela esquerda como pela direita desde 1889.


(1) “Honoráveis Bandidos” de Palmério Dória.
(2) Revista Veja, ed. 2236, p. 68 a 72.
(3) O atual governo é refém dos partidos políticos. Somente com uma reforma política decente feita pelos “fichas limpas” é que se poderia mudar esse quadro, mas isso é apenas uma utopia.
(5) Para se conhecer um pouco das ações da República brasileira é interessante ler a obra “A Ilusão  Americana”, de Eduardo Prado, cuja primeira edição foi  confiscada e suprimida  por ordem do governo brasileiro, em  1893. A obra denunciava  os vícios do sistema, os quais assumiram proporções gigantescas na era do imperialismo em que vivemos. Pode ser feito o download em www.ebooksbrasil.org/adobeebook/ilusao.pdf.
(6) Brasil Colônia de Banqueiros (Historia dos empréstimos de 1824 a 1934), de Gustavo Barroso. Download em http://www.4shared.com/get/-FbkB-NG/Gustavo_Barroso_-_Brasil_Colni.html

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