terça-feira, 6 de setembro de 2011

ESPERANÇAS LEVADAS PELO VENTO EM MEIO A UM DESERTO DE VALORES MORAIS


- Somos testemunhas oculares de uma criminalidade cada vez mais crescente e banalizada na sociedade  brasileira e, principalmente, a banalização da  filha mais ilustre do crime, a corrupção. Esta está consorciada com uma impunidade nunca vista nesta República, desde o seu surgimento, por meio de um golpe, em 1889(1).
- O problema da criminalidade é muito mais amplo do que se pensa e vem se agigantando cada vez mais desde o fim da revolução democrática de 1964 (ditadura de direita), a qual, infelizmente, também tinha altos índices de corrupão(2). Obviamente, como de praxe, os generais perderam a chance de estancar o crescimento dos corruptos e, em geral, todos ficaram impunes. Ah sim, ia me esquecendo, os corruptos tiveram um fantástico crescimento patrimonial. Como sempre, para eles o crime compensou e muito!
- Nesse sentido, hipocritamente, os fatores exógenos e endógenos da criminalidade em geral não são levados a sério e as autoridades, hipócritas como sempre, se contentam em tratar as conseqüências da criminalidade apenas com medidas paliativas (aumento do efetivo policial, desarmamento do povo, leis dúbias etc.).
- Outrossim, hoje, infelizmente, temos ex-militantes de antigas facções esquerdistas que combatiam a ditadura(3), bem como dos oportunistas que defendiam o governo militar, muitos dos quais, diga-se de passagem, também envolvidos em crimes de corrupção. Hoje, a grande parte da esquerda e da direita estão unidos e conduzem a Nação brasileira em uma verdadeira festança de influências, poder, enriquecimento por meio do erário público, de propinas e polpudas mesadas para os corruptos aliados.
- Por esse caminho tortuoso e ignóbil, no aqui e agora, as raízes da criminalidade já se fortaleceram e contaminaram o Executivo, o Legislativo e o Judiciário (com a sua eterna lentidãoe(4), venda de sentenças, formação de quadrilhas etc.) e, de certa maneira, contaminaram parcela bem considerável de brasileiros, pelo pérfido exemplo dado. Brasileiros que já vivem plenamente a antiga "Lei de Gerson"(5). Chegamos a tal ponto de descalabro que um cidadão honesto pode virar manchete na mídia por causa da sua honestidade, a qual deveria de ser uma virtude nobre e igual para todos os cidadãos.
- Destarte, a apatia do povo em relação a esses assuntos pode ser explicada por vários fatores sociais históricos e pela idéia atual de que, momentaneamente, as coisas melhoraram com a oferta de crédito abundante na praça, o qual, hoje, permite que se compre um liquidificador em 24 prestações, carros em 60 prestações, alimentos em várias prestações, muito lixo importado da China etc. Hoje, muitos desse povo, amortecido e manipulado sutilmente, até mesmo por programas subliminares, chegam a fazer marchas para a liberação da maconha, marchas gays e outras trivialidades. Outros passam o ano inteiro mais preocupados com a super taça do futebol, em se endividar e consumir além das suas reais necessidades, com o carnaval, com as novelas manipuladoras das emoções da mídia televisiva, em consumir muita cachaça etc. Esse mesmo povo, deveria de romper com o senso comum imposto e realizar marchas gigantescas em todas as capitais contra os bilhões de reais escoados pelo ralo da corrupção; marcha contra o consumo desenfreado de tabaco e àlcool(6); marcha pela reforma política dos partidos oportunistas e corruptos; marcha para proibir a mega mercantilizarão da fé; marcha contra a manipulação e exploração da credulidade popular; marcha contra o péssimo ensino público ministrado a mais de trinta anos; marcha contra o atendimento precário da saúde pública, recheado de óbitos por negligência, incompetência e imperícia; marcha contra o genocídio e impunidade no trânsito; marcha contra o tráfico de órgãos humanos(7); marcha contra a ineficiência e impunidade do Sistema Criminal brasileiro, principalmente da impunidade dos políticos corruptos; marcha pela recuperação da família, a qual já não consegue mais controlar seus filhos, os quais muitos são despossuídos de valores básicos éticos, morais e sociais, recheados a álcool, crak e oxi, drogas que os transformam em vorazes monstros, zumbis predadores; marcha contra a discriminação racial e econômica que fazem, pois basta olhar quem são, verdadeiramente, os quase 500 mil presos trancafiados dentro de penitenciárias medievais, verdadeiras escolas para o aperfeiçoamento dos crimes, com direito a pós-graduação. É bom que se diga, que esses presos analfabetos ou analfabetos funcionais,  em sua grande maioria, são oriundos dos três “P”: pretos pobres, pardos pobres e prostitutas pobres. Apenas coincidência? O pior é que uma grande parte, quando terminam as suas penas, acabam voltando para o crime e com mais violência e ódio contra a sociedade. É uma verdadeira guerra civil não declarada pelo Estado contra essa população deserdada e excluída.
- Além disso, em tempos de Democracia imperfeita, revistas semanais e livros denunciam velhas e perigosas raposas politiqueiras, tanto de esquerda como de direita, as quais, paulatinamente, são reeleitas ou, se caso não, acabam ganhando excelentes posições estratégicas dentro dos escalões ministeriais do Executivo e em empresas públicas. Para muitos deles, o objetivo é manter o poder e o tráfico de influências, espoliarem o erário público e enriquecer em total impunidade, pois o binômio custo/benefício da atual legislação penal e política os favorecem. Não podemos de nos esquecer que muitos deles são os que fazem a legislação penal, na maioria das vezes, sem valorizar os verdadeiros anseios do povo, preocupados mais em favorecer os lobbies de corporações poderosas nacionais e internacionais e, obviamente, os seus próprios bolsos.
- Tudo isso gera, em inúmeros casos, a impunidade total, desde que não caia na mídia. Algumas vezes, com o foco da mídia em cima de certos crimes, acaba ocorrendo algum tipo de punição: a distribuição de algumas cestinhas básicas de alimentos para uma comunidade miserável qualquer, ou ainda, a aplicação de alguma medida cautelar de difícil fiscalização pelo judiciário e com direito a fuga para outro país sem tratado de extradição com o Brasil. Caso seja cumprida alguma sentença em regime fechado, não há que se preocupar, basta virar religioso e cumprir 1/6 da pena para se ganhar as ruas novamente.
- Nesse sentido, o pretexto mais utilizados para a defesa desses criminosos, principalmente os de gravatas de seda e ternos de grifes famosas, é a “presunção da inocência”. Mesmo com provas contundentes, os criminosos mais influentes e ricos acabam sofrendo uma punição branda ou nenhuma. Esses criminosos levam infinitas vantagens. Vejam o notório caso Pimenta Neves, a impunidade dos políticos corruptos das últimas décadas(8), de empresários e banqueiros criminosos etc. Eles têm acesso a dezenas de recursos (“industria de recursos”) que irão postergar ou até mesmo levar a prescrição centenas de ações judiciais de notórios meliantes, muitos até endeusados pelo povo marionetado.
- Temos o lenitivo? Teríamos que romper com a programação de apatia, alienação educacional e quebra de valores morais  que nos impuseram desde a infância, principalmente nas últimas décadas, enquanto ainda há tempo, pois aos poucos estamos nos encaminhando para um estado de anomia(9) e a partir desse ponto tudo pode acontecer, inclusive afetar a própria democracia, a qual já está se transmutando para uma cleptocracia descarada. Basta saber que em 2008, de acordo com a Procuradoria da União (PGU), 77% das prefeituras brasileiras estavam envolvidas em irregularidades com o dinheiro público(10). Somente no Estado da Bahia mais de 95% das prefeituras estavam envolvidas em falcatruas. Um show de festa para as elites corruptas.    
- Desta maneira, em todos esses municípios, a sensação de impunidade é grande e a análise do binômio custo/benefício, pendendo, favoravelmente, para os criminosos já se refletem em todas as classes sociais, as quais estão apáticas frente a corrupção quase que institucionalizada na República Tupiniquim.
- Por outro lado, sei que os criminosos mais comuns (latrocidas, traficantes, estelionatários etc.), oriundos das classes sociais mais enobrecidas ou paupérrimas, não são os verdadeiros inimigos da família. Sei muito bem onde estão os verdadeiros inimigos, os quais são os únicos responsáveis pelo recrudescimento criminógeno da sociedade e a desvalorização da vida. Sugiro que vejam o filme Tropa de Elite II para que se tenha uma pálida idéia da triste realidade que assombra a República, pois o que é mostrado no filme não bem uma simples ficção. É apenas a pontinha do iceberg de uma realidade ciminosa, infelizmente, já banalizada pelo povo.  
- Uma coisa é certa: nós últimos quarenta anos a situação de impunidade só piorou. Hoje as organizações criminosas internacionais(11) e nacionais (PCC, PV, Máfia dos Milicianos, Máfia Chinesa, Máfia do Narcotráfico, Máfia do Mensalão, Máfia do Tráfico de Influências, Máfia de Partidos políticos(12) que protegem policiais civis corruptos etc.), estão a dominar vários setores da sociedade civil e muitos até usam fardas, ternos com fios de ouro e gravatas de grife, em um verdadeiro escárnio para com os bons cidadãos, dos quais a maioria permanecem apáticos e como simples “marionettes”. Diga-se de passagem, todos esses cidadãos pagam para o Estado os mais altos impostos do planeta e boa parte desses tributos, taxas etc. se perdem pelos corredores da corrupção, da desonestidade, do individualismo, do egoísmo, da traição e da falsidade espalhadas por todo o território nacional. E vêm mais impostos por ai! Estão prometendo que a arrecadação irá toda para a saúde. Dá para acreditar? É uma festa nas florestas de pedras das cidades perdidas para o crime!
- Temos que romper definitivamente com esse estado deletério, enquanto ainda há tempo. Esses cânceres destroem o País, os seus preciosos recursos naturais, o seu próprio povo e a própria República. Também irá destruir as expectativas de uma vida melhor para os nossos filhos e netos em poucas décadas, bem como, já enseja a destruição das verdadeiras virtudes para a construção de uma pirâmide social mais justa e perfeita.
- É bom frisar, que para a construção dessa pirâmide seria necessário republicanizar a República, pois o sistema político atual, pelo que se divulga na mídia independente televisiva e escrita, caiu nas mãos de poderosos e influentes criminosos, os quais têm a República em suas mãos sujas, com reflexos acentuados nos Estados federados, municípios e em toda a população acuada pelo crime e pelo medo. Na realidade essa República já deu o que tinha que dar! Não estaria na hora das grandes mudanças?
- Por fim concito aos que ainda não foram transformados em fantoches, aos que se interessarem pelo assunto em pauta, pelo nacionalismo, pela cidadania, pela Nação, pela família, pelos filhos e netos, para que se aprofundem na pesquisa, olhando (sempre com a razão e nunca com a emoção) nas bordas dos acontecimentos políticos e históricos, tanto do passado como dos atuais e nas leis recentemente promulgadas, como, por exemplo, a Lei 12.403/2011, a qual irá favorecer, principalmente, os corruptos. É nesses tópicos que muitas verdades estão sendo ocultadas propositadamente. Neste sentido, peço que leiam a entrevista do insigne Dr. Marcelo Cunha dada para a Revista Art. 5.  da Polícia Federal: "Só é Preso Quem Quer - Crua Realidade", transcrita para o seu blog  e a divulguem para um maior número de pessoas possíveis, bem como a de ler e divulgar o seu livro “Só é Preso Quem Quer”, para que possam conhecer um pouco mais sobre a impunidade e a ineficiência do sistema criminal brasileiro e a festa da bandidagem na República da impunidade.


[1] Sem a participação do povo e sim das elites rurais e militares.
[2] O ex-ministro da economia, do período ditatorial, Delfin Neto, esteve envolvido com corrupção e chegou a ser preso em Paris por participar de um bacanal homossexual (Jornal Nosso Tempo de 28/09/84, nº 138, p. 8 - http://www.nossotempodigital.com.br/capas/?ano_publicacao=1984). Houve o recrudescimento da corrupção no País a partir de 1964, passando a ser ascendente (Habib, Sérgio. Brasil quinhentos anos de corrupção. Fabris: Porto Alegre, 1984. p. 50).   
[3] Na realidade combatiam uma ditadura de direita apoiada pelo EUA para implantar outra ditadura de esquerda nos moldes de Cuba e da ex URSS.
[4] Justiça que demora não é justiça: “O presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, informou hoje, sem disfarces ou metáforas, que nada menos que 70% dos 84,3 milhões de processos que tramitavam na Justiça Federal no ano passado não foram solucionados — ou seja, quase 60 milhões de ações não chegaram a um final em 2010”. (Coluna do Ricardo Setti – Veja)
[5] Na cultura brasileira Lei de Gérson é um princípio em que determinada pessoa age de forma a obter vantagem em tudo que faz, no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com questões éticas ou morais. A "Lei de Gérson" acabou sendo usada para exprimir traços bastante característicos e pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional, associados à disseminação da corrupção ao desrespeito a regras de convívio para a obtenção de vantagens pessoais. (Wikipedia)
[6] “As mor­tes atri­buí­veis ao con­sumo de tabaco são esti­ma­das em mais de 300.000 por ano, enquanto o uso de álcool acres­centa de 50.000 a 200.000 mor­tes anu­ais adi­ci­o­nais. Entre a faixa etá­ria de quinze a vinte e qua­tro anos, o álcool é a maior causa de morte, tam­bém ser­vindo como uma droga-degrau que leva ao uso de outras, (...) mais de 99 por cento das mor­tes por abuso de subs­tân­cia são atri­buí­veis a tabaco e álcool”. (Con­trole da Popu­la­ção, no livro “Con­tendo a Demo­cra­cia” (2003), de Noam Chomsky).
[7] Veja o caso de Paulinho Pavesi, assassinado pela máfia de tráfico de órgãos, cujo pai conseguiu proteção do governo italiano através de asilo humanitário, bem como o documentário premiado H.O.T. - Human Organ Traffic : http://ppavesi.blogspot.com/
[8] Vejam o caso da deputada corrupta Jaqueleni Roriz, a qual foi filmada recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM e absolvida em 30/08/2011 por 265 votos favoráveis ao seu mandato e 166 pela cassação. Para esses 265 deputados, tal ato não tem relevância no País da impunidade, o qual, tendo em vista o quadro de impunidade, já possui um sistema cleptocrata firmemente instalado em suas bases.
[9] Waldmann, Peter. El Estado Anómico – Derecho, seguridad pública y vida cotidiana em América Latina.Madrid: Iberoamericana, 2006.
[10] http://www.jornaldaimprensa.com.br/Editorias/6531/undefined
[11] Napoleoni, Loretta. Economia Bandida – A nova realidade do capitalismo.  Difel: Rio de Janeiro, 2010.
[12] Revista Veja. As Caras do crime. Ed. 2232, de 31/08/2011. p. 82.

Nenhum comentário: