- Somos testemunhas
oculares de uma criminalidade cada vez mais crescente e banalizada na sociedade brasileira e, principalmente, a banalização da filha mais ilustre do crime, a corrupção. Esta está consorciada
com uma impunidade nunca vista nesta República, desde o seu surgimento, por
meio de um golpe, em 1889(1).
- O problema da
criminalidade é muito mais amplo do que se pensa e vem se agigantando cada vez mais
desde o fim da revolução democrática de 1964 (ditadura de direita), a qual,
infelizmente, também tinha altos índices de corrupão(2).
Obviamente, como de praxe, os generais perderam a chance de estancar o
crescimento dos corruptos e, em geral, todos ficaram impunes. Ah sim, ia me
esquecendo, os corruptos tiveram um fantástico crescimento patrimonial. Como
sempre, para eles o crime compensou e muito!
- Nesse sentido, hipocritamente,
os fatores exógenos e endógenos da criminalidade em geral não são levados a
sério e as autoridades, hipócritas como sempre, se contentam em tratar as conseqüências da
criminalidade apenas com medidas paliativas (aumento do efetivo policial,
desarmamento do povo, leis dúbias etc.).
- Outrossim, hoje,
infelizmente, temos ex-militantes de antigas facções esquerdistas que combatiam
a ditadura(3), bem
como dos oportunistas que defendiam o governo militar, muitos dos quais, diga-se de passagem, também envolvidos
em crimes de corrupção. Hoje, a grande parte da esquerda e da direita estão
unidos e conduzem a Nação brasileira em uma verdadeira festança de influências,
poder, enriquecimento por meio do erário público, de propinas e polpudas
mesadas para os corruptos aliados.
- Por esse caminho
tortuoso e ignóbil, no aqui e agora, as raízes da criminalidade já se fortaleceram e contaminaram
o Executivo, o Legislativo e o Judiciário (com a sua eterna lentidãoe(4), venda
de sentenças, formação de quadrilhas etc.) e, de certa maneira, contaminaram
parcela bem considerável de brasileiros, pelo pérfido exemplo dado. Brasileiros que já vivem
plenamente a antiga "Lei de Gerson"(5).
Chegamos a tal ponto de descalabro que um cidadão honesto pode virar manchete
na mídia por causa da sua honestidade, a qual deveria de ser uma virtude nobre
e igual para todos os cidadãos.
- Destarte, a apatia do
povo em relação a esses assuntos pode ser explicada por vários fatores sociais históricos
e pela idéia atual de que, momentaneamente, as coisas melhoraram com a oferta de
crédito abundante na praça, o qual, hoje, permite que se compre um liquidificador em 24
prestações, carros em 60 prestações, alimentos em várias prestações, muito lixo importado da China etc. Hoje, muitos
desse povo, amortecido e manipulado sutilmente, até mesmo por programas
subliminares, chegam a fazer marchas para a liberação da maconha, marchas gays
e outras trivialidades. Outros passam o ano inteiro mais preocupados com a
super taça do futebol, em se endividar e consumir além das suas reais
necessidades, com o carnaval, com as novelas manipuladoras das emoções da mídia
televisiva, em consumir muita cachaça etc. Esse mesmo povo, deveria de romper com o senso comum imposto e
realizar marchas gigantescas em todas as capitais contra os bilhões de reais
escoados pelo ralo da corrupção; marcha contra o consumo desenfreado de tabaco
e àlcool(6); marcha
pela reforma política dos partidos oportunistas e corruptos; marcha para
proibir a mega mercantilizarão da fé; marcha contra a manipulação e exploração da
credulidade popular; marcha contra o péssimo ensino público ministrado a mais
de trinta anos; marcha contra o atendimento precário da saúde pública, recheado
de óbitos por negligência, incompetência e imperícia; marcha contra o genocídio
e impunidade no trânsito; marcha contra o tráfico de órgãos humanos(7); marcha
contra a ineficiência e impunidade do Sistema Criminal brasileiro,
principalmente da impunidade dos políticos corruptos; marcha pela recuperação
da família, a qual já não consegue mais controlar seus filhos, os quais muitos
são despossuídos de valores básicos éticos, morais e sociais, recheados a
álcool, crak e oxi, drogas que os transformam em vorazes monstros, zumbis predadores;
marcha contra a discriminação racial e econômica que fazem, pois basta olhar
quem são, verdadeiramente, os quase 500 mil presos trancafiados dentro de
penitenciárias medievais, verdadeiras escolas para o aperfeiçoamento dos crimes,
com direito a pós-graduação. É bom que se diga, que esses presos analfabetos ou analfabetos
funcionais, em sua grande maioria, são oriundos dos três “P”:
pretos pobres, pardos pobres e prostitutas pobres. Apenas coincidência? O pior
é que uma grande parte, quando terminam as suas penas, acabam voltando para o
crime e com mais violência e ódio contra a sociedade. É uma verdadeira guerra
civil não declarada pelo Estado contra essa população deserdada e excluída.
- Além disso, em tempos
de Democracia imperfeita, revistas semanais e livros denunciam velhas e perigosas
raposas politiqueiras, tanto de esquerda como de direita, as quais,
paulatinamente, são reeleitas ou, se caso não, acabam ganhando excelentes posições
estratégicas dentro dos escalões ministeriais do Executivo e em empresas públicas. Para muitos deles,
o objetivo é manter o poder e o tráfico de influências, espoliarem o erário
público e enriquecer em total impunidade, pois o binômio custo/benefício da
atual legislação penal e política os favorecem. Não podemos de nos esquecer que
muitos deles são os que fazem a legislação penal, na maioria das vezes, sem valorizar
os verdadeiros anseios do povo, preocupados mais em favorecer os lobbies de
corporações poderosas nacionais e internacionais e, obviamente, os seus
próprios bolsos.
- Tudo isso gera, em inúmeros
casos, a impunidade total, desde que não caia na mídia. Algumas vezes, com o
foco da mídia em cima de certos crimes, acaba ocorrendo algum tipo de punição:
a distribuição de algumas cestinhas básicas de alimentos para uma comunidade
miserável qualquer, ou ainda, a aplicação de alguma medida cautelar de difícil
fiscalização pelo judiciário e com direito a fuga para outro país sem tratado de extradição com o Brasil. Caso seja
cumprida alguma sentença em regime fechado, não há que se preocupar, basta
virar religioso e cumprir 1/6 da pena para se ganhar as ruas novamente.
- Nesse sentido, o
pretexto mais utilizados para a defesa desses criminosos, principalmente os de gravatas
de seda e ternos de grifes famosas, é a “presunção da inocência”. Mesmo com
provas contundentes, os criminosos mais influentes e ricos acabam sofrendo uma punição
branda ou nenhuma. Esses criminosos levam infinitas vantagens. Vejam o notório
caso Pimenta Neves, a impunidade dos políticos corruptos das últimas décadas(8), de
empresários e banqueiros criminosos etc. Eles têm acesso a dezenas de
recursos (“industria de recursos”) que irão postergar ou até mesmo levar a prescrição
centenas de ações judiciais de notórios meliantes, muitos até endeusados pelo povo marionetado.
- Temos o lenitivo? Teríamos
que romper com a programação de apatia, alienação educacional e quebra de valores morais que nos
impuseram desde a infância, principalmente nas últimas décadas, enquanto ainda
há tempo, pois aos poucos estamos nos encaminhando para um estado de anomia(9) e a
partir desse ponto tudo pode acontecer, inclusive afetar a própria democracia,
a qual já está se transmutando para uma cleptocracia descarada. Basta saber que
em 2008, de acordo com a Procuradoria da União (PGU), 77% das prefeituras
brasileiras estavam envolvidas em irregularidades com o dinheiro público(10).
Somente no Estado da Bahia mais de 95% das prefeituras estavam envolvidas em falcatruas.
Um show de festa para as elites corruptas.
- Desta maneira, em todos
esses municípios, a sensação de impunidade é grande e a análise do binômio
custo/benefício, pendendo, favoravelmente, para os criminosos já se refletem em
todas as classes sociais, as quais estão apáticas frente a corrupção quase que
institucionalizada na República Tupiniquim.
- Por outro lado, sei que
os criminosos mais comuns (latrocidas, traficantes, estelionatários etc.),
oriundos das classes sociais mais enobrecidas ou paupérrimas, não são os
verdadeiros inimigos da família. Sei muito bem onde estão os verdadeiros
inimigos, os quais são os únicos responsáveis pelo recrudescimento criminógeno
da sociedade e a desvalorização da vida. Sugiro que vejam o filme Tropa de
Elite II para que se tenha uma pálida idéia da triste realidade que assombra a
República, pois o que é mostrado no filme não bem uma simples ficção. É apenas a pontinha do iceberg de uma realidade ciminosa, infelizmente, já banalizada pelo povo.
- Uma coisa é certa: nós
últimos quarenta anos a situação de impunidade só piorou. Hoje as organizações
criminosas internacionais(11) e
nacionais (PCC, PV, Máfia dos Milicianos, Máfia Chinesa, Máfia do Narcotráfico,
Máfia do Mensalão, Máfia do Tráfico de Influências, Máfia de Partidos
políticos(12)
que protegem policiais civis corruptos etc.), estão a dominar vários setores da
sociedade civil e muitos até usam fardas, ternos com fios de ouro e gravatas de grife, em um
verdadeiro escárnio para com os bons cidadãos, dos quais a maioria permanecem
apáticos e como simples “marionettes”.
Diga-se de passagem, todos esses cidadãos pagam para o Estado os mais altos
impostos do planeta e boa parte desses tributos, taxas etc. se perdem pelos
corredores da corrupção, da desonestidade, do individualismo, do egoísmo, da
traição e da falsidade espalhadas por todo o território nacional. E vêm mais
impostos por ai! Estão prometendo que a arrecadação irá toda para a saúde. Dá
para acreditar? É uma festa nas florestas de pedras das cidades perdidas para o
crime!
- Temos que romper
definitivamente com esse estado deletério, enquanto ainda há tempo. Esses cânceres
destroem o País, os seus preciosos recursos naturais, o seu próprio povo e a própria República. Também
irá destruir as expectativas de uma vida melhor para os nossos filhos e netos
em poucas décadas, bem como, já enseja a destruição das verdadeiras virtudes
para a construção de uma pirâmide social mais justa e perfeita.
- É bom frisar, que para a construção dessa
pirâmide seria necessário republicanizar a República, pois o sistema político
atual, pelo que se divulga na mídia independente televisiva e escrita, caiu nas
mãos de poderosos e influentes criminosos, os quais têm a República em suas
mãos sujas, com reflexos acentuados nos Estados federados, municípios e em toda
a população acuada pelo crime e pelo medo. Na realidade essa República já deu o
que tinha que dar! Não estaria na hora das grandes mudanças?
- Por fim concito aos que
ainda não foram transformados em fantoches, aos que se interessarem pelo
assunto em pauta, pelo nacionalismo, pela cidadania, pela Nação, pela família,
pelos filhos e netos, para que se aprofundem na pesquisa, olhando (sempre com a
razão e nunca com a emoção) nas bordas dos acontecimentos políticos e históricos, tanto do
passado como dos atuais e nas leis recentemente promulgadas, como, por exemplo,
a Lei 12.403/2011, a qual irá favorecer, principalmente, os corruptos. É nesses
tópicos que muitas verdades estão sendo ocultadas propositadamente. Neste sentido, peço
que leiam a entrevista do insigne Dr. Marcelo Cunha dada para a Revista Art. 5. da Polícia Federal: "Só é Preso Quem Quer - Crua Realidade", transcrita para o seu blog e a
divulguem para um maior número de pessoas possíveis, bem como a de ler e
divulgar o seu livro “Só é Preso Quem Quer”, para que possam conhecer um pouco mais sobre a impunidade e a ineficiência
do sistema criminal brasileiro e a festa da bandidagem na República da
impunidade.
[1] Sem a participação do povo e sim das elites
rurais e militares.
[2] O ex-ministro da economia, do
período ditatorial, Delfin Neto, esteve envolvido com corrupção e chegou a ser
preso em Paris por participar de um bacanal homossexual (Jornal Nosso Tempo de
28/09/84, nº 138, p. 8 - http://www.nossotempodigital.com.br/capas/?ano_publicacao=1984).
Houve o recrudescimento da corrupção no País a partir de 1964, passando a ser
ascendente (Habib, Sérgio. Brasil
quinhentos anos de corrupção. Fabris: Porto Alegre, 1984. p. 50).
[3]
Na
realidade combatiam uma ditadura de direita apoiada pelo EUA para implantar
outra ditadura de esquerda nos moldes de Cuba e da ex URSS.
[4] Justiça que demora não é justiça:
“O presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso,
informou hoje, sem disfarces ou metáforas, que nada menos que 70% dos 84,3
milhões de processos que tramitavam na Justiça Federal no ano passado não foram
solucionados — ou seja, quase 60 milhões de ações não chegaram a um final em
2010”. (Coluna do Ricardo Setti – Veja)
[5]
Na cultura brasileira Lei
de Gérson é um princípio em que determinada pessoa age de forma a obter
vantagem em tudo que faz, no sentido negativo de se aproveitar de todas as
situações em benefício próprio, sem se importar com questões éticas ou morais.
A "Lei de Gérson" acabou sendo usada para exprimir traços bastante
característicos e pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional, associados à
disseminação da corrupção ao desrespeito a regras de convívio para a obtenção
de vantagens pessoais. (Wikipedia)
[6] “As mortes atribuíveis ao consumo
de tabaco são estimadas em mais de 300.000 por ano, enquanto o uso de álcool
acrescenta de 50.000 a 200.000 mortes anuais adicionais. Entre a faixa
etária de quinze a vinte e quatro anos, o álcool é a maior causa de morte,
também servindo como uma droga-degrau que leva ao uso de outras, (...) mais
de 99 por cento das mortes por abuso de substância são atribuíveis a
tabaco e álcool”. (Controle
da População, no livro “Contendo a Democracia” (2003), de Noam Chomsky).
[7]
Veja o caso de Paulinho
Pavesi, assassinado pela máfia de tráfico de órgãos, cujo pai conseguiu proteção
do governo italiano através de asilo humanitário, bem como o documentário
premiado H.O.T. - Human Organ Traffic : http://ppavesi.blogspot.com/
[8] Vejam
o caso da deputada corrupta Jaqueleni Roriz, a qual foi filmada recebendo
dinheiro do delator do mensalão do DEM e absolvida em 30/08/2011 por 265 votos
favoráveis ao seu mandato e 166 pela cassação. Para esses 265 deputados, tal
ato não tem relevância no País da impunidade, o qual, tendo em vista o quadro
de impunidade, já possui um sistema cleptocrata firmemente instalado em suas
bases.
[9] Waldmann, Peter. El Estado
Anómico – Derecho, seguridad pública y vida cotidiana em América Latina.Madrid:
Iberoamericana, 2006.
[11] Napoleoni, Loretta. Economia
Bandida – A nova realidade do capitalismo.
Difel: Rio de Janeiro, 2010.
[12] Revista Veja. As Caras do crime. Ed. 2232, de
31/08/2011. p. 82.
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