"Se as abelhas
desaparecessem da face da terra, a espécie humana teria somente mais 4 anos de
vida. Sem abelhas não há polinização, ou seja, sem plantas, sem animais, sem
homens". Albert Einstein, físico.
Desde adolescente sempre tive interesse
pelas abelhas, principalmente pela sua estrutura social, pois ajudava meus tios
no manejo com essa pequena grande maravilha do planeta.
Hoje, depois de passado cinco
décadas, voltei a me interessar por essas criaturas maravilhosas. Estou
começando a criação e o manejo de uma das espécies de abelhas, a apis melífera.
Nos últimos meses, ao me aprofundar
no mundo desses insetos, acabei por descobrir à importância delas na estrutura
da teia de vida do planeta. 1/3 dos alimentos[1]
que comemos devemos agradecer a esse pequeno inseto através da polinização,
além de fornecer produtos indispensáveis a saúde humana[2]
tais como o mel, o pólen, o própolis, geléia real, cera, apitoxina, larvas, pão
de abelhas, opérculos, e mel de melato. Tudo isto serve desde alimentos
a cura e atenuação de inúmeras doenças.
Se elas deixassem de existir, a
catástrofe seria de tal magnitude que poderia ser pior a que extinguiu os
dinossauros há milênios atrás, da qual as abelhas conseguiram sobreviver[3].
Pois muito bem, a catástrofe já está
batendo, sorrateiramente, em nossas portas. Elas estão desaparecendo aos
milhões em várias partes do planeta e muito pouco se está fazendo para reverter
à situação[4], graças ao sistema ideológico capitalista que vem evoluindo para
neoliberalismo predador. Sempre esse
sistema ideológico visou apenas o lucro, o domínio global e a exploração do
homem e, no momento atual, já não importa mais os meios para atingir os seus
objetivos, nem que seja com a destruição da própria teia de vida do nosso
planeta. Isto sim é um verdadeiro paradoxo.
Na Europa, a situação é preocupante,
pois em milhares de localidades elas já não existem, na China estão recrutando
mão de obra humana para fazer a polinização com as mãos[5]
em frutas e assim em várias partes do
mundo vem ocorrendo a mesma coisa.
O mais interessante é que nesse
modelo capitalista, muitas mídias de comunicações já estão alertando para a catástrofe,
a qual já esta se abatendo em nosso mundo, como se tivéssemos mais mundos para
explorar e destruir.
Neste sentido, em 2008, a A PPS
Nature lança o documentário Silence of
the besss[6]
(O silêncio das abelhas), em mais uma tentativa de chamar a atenção dos
poderosos do capitalismo neoliberal sobre o desaparecimento das abelhas no
planeta.
Outrossim, em 2012, foi lançado o
documentário More Than Honey (Em
Portugal ficou conhecido como Homens e Abelhas), o qual procura fazer com que
as pessoas façam uma reflexão sobre a gravidade do caminho que está sendo
preparado para os nossos filhos, filhas, netos e netas em um futuro não distante.
Mais recentemente, a BBC de Londres também
lançou o alerta, talvez tardiamente, sobre essa grave situação. O documentário
de 2013, What’s Killing Our Bess? (O
que está matando as nossas abelhas?), explora as causas e os efeitos do que vem
ocorrendo na Europa.
Tudo isto parecia muito longe de
Roraima. Estava acontecendo nos EUA, Europa, China e outros países
longínquos. Lerdo engano de minha parte.
Descobri denúncias de que em Santa Catarina elas também estão desaparecendo.
A surpresa maior, para mim, foi
constatar em uma reunião, há poucos dias atrás, com apicultores da região que
elas também estão morrendo em Roraima. Disseram que estão colocando muito
veneno nos campos de Roraima para plantar a soja e que a destruição do meio
ambiente é inevitável.
Soja para quem? Para exportar para a
China, Rússia, EUA e por aí vai. Soja para alimentar os animais desses países
capitalistas e imperialistas. A colônia moderna continua fazendo o seu dever de
casa de maneira brilhante, não resta à menor dúvida.
Para confirmar as denúncias, em 19 do
mês corrente, no jornal a Folha de Boa Vista estava estampada a manchete: Soja atinge área recorde e safra deve chegar
a 60 mil toneladas. Fiquei mais surpreso ainda pelo que dizia a reportagem
que essa tal de soja vai para a Rússia e o mais interessante, o Estado continua
pobre e piorando cada vez mais, obviamente para a maioria e não para uma
minoria, a qual aufere cada vez mais riquezas à custa da minoria e da
destruição dos recursos não renováveis da natureza.
Aí está uma das causas, se não a pior
de todas, a soja é responsável pela morte de milhares e milhares de abelhas. O
plantio de soja, talvez até mesmo transgênica, com a capacidade de matar
insetos ou simplesmente toneladas de fungicidas e de outros venenos, quem sabe
muitos proibidos na Europa, estão sendo despejados as toneladas em nosso solo, poluindo as nossas reservas de
água e destruindo as nossas preciosas abelhas, destruindo o lavrada com toda a
sua biodiversidade. Parabéns aos gerentes de Roraima pela grande contribuição e
porque não aos gerentes de todo o Brasil.
Uma coisa é certeza, com o
desaparecimento delas o nosso modo de
vida capitalista estúpido e destruidor irá desaparecer. Aos poucos, o nosso
café da manha, o nosso almoço e a nossa janta ficarão cada vez mais pobres e,
naturalmente, bem mais caros, tudo irá desaparecer por completo em poucos anos.
E assim, para a espécie humana haverá
um grave risco de extinção. Talvez vá desaparecer tão rapidamente como surgiu e
quem sabe, desta maneira, não haverá uma esperança para as demais espécies de
vida com o desaparecimento do maior predador do planeta, que não respeita o
solo que o alimenta e tampouco a água que sacia a sua sede.
Enfim, pelo menos espero que eu possa
ainda ter a grata satisfação de ter algumas colméias em meu sítio, espero que
eu possa conviver com elas até o momento
em que terei que descer deste carrossel enferrujado sem ter que assistir o
teatro de terror que está por vir.
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