É no mínimo interessante ver como os
gerentes políticos dos últimos anos procuram dissimular as verdadeiras causas
da criminalidade e do crescimento da insegurança com medidas pífias. Essas medidas
combatem precariamente apenas os efeitos e ao mesmo tempo permitem que o medo
seja usado como ferramenta pelo sistema capitalista neoliberal para tirar o
maior proveito possível com a venda de segurança privada, a qual é gerada principalmente pela indústria
do medo.
Neste sentido, as pessoas de senso comum
não se alertam que esta em pleno andamento a transformação do direito social à
segurança em simples mercadoria, ou seja, quem quiser segurança terá que pagar
para a iniciativa privada. Não se alertam que as mídias televisivas, entre
outras, estão a disseminar o medo em seus noticiários e programas criminais,
facilitando assim a venda de segurança de uma forma bem subliminar.
Por outro lado, fica caracterizado que há
uma tentativa de estigmatizar determinados indivíduos pertencentes à classe
pobre, preferencialmente aqueles excluídos pelo sistema capitalista em
sua nova fase, portanto a ordem é criminalizar e posteriormente auferir altos
lucros com o sistema penitenciário à custa dessa massa de miseráveis expulsa do
sistema produtivo capitalista.
A lógica é que essa população de
miseráveis, que permeiam os bairros periféricos das grandes cidades já não
interessa mais ao sistema capitalista neoliberal pela incorporação de alta
tecnologia no chão de suas fabricas, como por exemplo, a robotização de
inúmeros setores capitalistas de produção, principalmente a do meio rural.
Por esse caminho, não é a toa que o Brasil
já ocupa o 3º lugar no ranking dos países que mais prende no mundo[1], sendo ultrapassado apenas
pelos EUA e pela China. Não é a toa que a segurança virou mercadoria a ser
comprada. Não é a toa que os presídios começam a ser privatizados. Não é a toa
que vários serviços nas penitenciárias públicas foram terceirizados. Não é a
toa que em pouco tempo esses prisioneiros serão escravizados sutilmente com
vários direitos suprimidos e com pouco interesse em ressocializá-los (como se
pudesse ressocializar quem nunca foi socializado). Dentro da lógica capitalista
neoliberal esses setores são lucrativos e o Estado dito mínimo deve de ceder
esses setores para a iniciativa privada capitalista, a exemplo das
penitenciárias dos EUA, um grande negócio
do grande encarceramento[2].
Outrossim, o Estado mínimo perde o
controle do seu falido sistema penitenciário para o crime organizado (FDM –
Família do Norte; CV - Comando Vermelho; PCC – Primeiro Comando da Capital
etc.), o Estado mínimo não aplica políticas socioeconômicas adequadas e
educativas. Infelizmente dentro dos presídios brasileiros a animalidade
prevalece em lugar da civilidade e nas ruas não é diferente. Nas ruas a
população vive com uma crescente sensação de insegurança, o que acaba estimulando
ainda mais o milionário comércio para venda de segurança privada, obviamente
apenas para quem possa pagar.
Enquanto isto teremos a continuação do
genocídio[3] imposto maquiavelicamente
aos brasileiros pela troika demoníaca neoliberal, composta por diversos agentes
econômicos especuladores e extrativistas das nossas riquezas que por sua vez
financiam centenas de agentes públicos corruptos em uma eterna cirando do mal.
Por outro lado, a esperança de mudanças
dorme eternamente com o gigante adormecido em berço esplêndido enquanto que o
genocídio implantado caminha a passos largos conforme indica o Delitometro[4]: desde 1980, 1.347.356 homicídios;
82.563 homicídios de mulheres; e 1.142.429 mortes no trânsito. Tudo isto sem
computar os dados que as autoridades competentes não chegam a tomar
conhecimento (Cifra Negra[5]).
Enfim, os dados do Delitometro mostram a
gravidade da situação, da insegurança em que estamos imersos e da implantação
do medo no meio da população. É pior que uma guerra convencional. É o extermínio
de grande parcela da população e sem indenizações para as vítimas, sem punições
exemplares para os que permitiram e permitem a continuação dessa insana guerra civil
não declarada. O pior é que uma minoria de empresários, políticos e partidos
continuam auferindo altíssimos lucros com esse genocídio escancarado. Qual a
grande saída? A resposta bem que poderia surgir nas eleições de 2014, mas as
urnas eletrônicas são confiáveis?
[1] Ver
link: Colapso carcerário.
[2]
Para saber mais: Quem lucra com as prisões (Ed. Revan) – Tara Herivel; Vende-se segurança (Ed. Revan) – Vanessa M.
Feletti.
[3] Ver link: Brasil:campeão mundial de asassinatos.
[4] Ver link: Instituto Avante Brasil (IAB).
[5] É a porcentagem de crimes que não chegaram ao
conhecimento público e não foram devidamente julgados.
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