- Poucos são os que sabem que o Brasil sempre foi um grande balcão de negócios sujos, palco de exploração hedionda de todas as formas possíveis, desde o genocídio dos nativos que aqui já viviam a centenas de séculos, a exploração das riquezas destas terras invadidas por aqueles que por aqui aportaram em 1500 e por aqui ficaram. Um detalhe interessante, os invasores traziam em seus peitos o símbolo de uma religião, uma cruz.
- Com o passar de décadas de impunidade essas terras se transformaram em um porto seguro para vários tipos de criminosos, nacionais e internacionais. Muitos desses criminosos, principalmente latifundiários, políticos e grileiros, todos interconectados, se movimentavam dentro das esferas politicas e ideológicas de cada época. Muitos tinham poder, dinheiro e prestígio e assim o reino da bandidolatria e do democídio foi se formando e se ampliando, principalmente após o golpe da Republica, em 1889, dada pelo Exército.
- Para fundamentar esse pensamento, vou narrar apenas a trajetória de dois criminosos. Os crimes do primeiro criminoso ocorreu nos anos de 1929 a 1961, retirados de um Arquivo Policial(1) e o segundo meliante, que fugiu em 1970 da Inglaterra para o Brasil após um assalto milionário. Obviamente tem os crimes que não foram registrados, portanto a lista é muito mais longa do que os crimes que serão aqui comentados.
- O primeiro criminoso era conhecido como Lindolfo Aleixo de Barros. Vejamos alguns dos crimes cometidos em sua carreira triunfal de crimes contra a população de Pernambuco, no Nordeste brasileiro:
1. Na cidade de Garanhuns, Lindolfo cometeu o crime de ferimento em várias pessoas, em 05/02/1929;
2. Na mesma cidade, esse facínora cometeu ferimentos em Maria Justina da Conceição, em 09/02/1932;
3. Na cidade de Bom Conselho, cometeu o crime de latrocínio. Vitima Antonio Marques de Melo e outros em 20/09/1935;
4. Novamente na cidade de Garanhuns, assassinou Caetano Araújo, em 28/12/1935;
5. Ainda em Garanhuns, pelo crime de latrocínio, sendo as vítimas Alcides e Joaquim Pereira, em 21/07/1936;
6. Em Bom Conselho, assassinou Jose Francisco da Silva, em 03/10/1937;
7. Em São Bento da Una, feriu e matou Joaquim Ferreira da Silva e outros, em 02/07/1938;
8. Ainda em São Bento da Una, cometeu mais um crime de latrocínio contra Pedro Francisco Alves da Costa, em 13/06/1938;
9. Em Goiana, assassinou Dionísio Marcelino da Silva, em 25/06/1961;
10. Ainda em Goiana, foi enquadrado por porte ilegal de arma e embriaguez, em 14/12/1961.
- Qual a razão de tanta impunidade e proteção a esse facínora?
- Na época, no Nordeste (e em todo o Brasil), muitos fazendeiros latifundiários, ricos e poderosos eram conhecidos como "coronéis". Milícias eram formadas por esses latifundiários. Era comum ter nas fileiras de milicianos, pessoas criminosas fortemente armadas, como Lindolfo Aleixo de Barros.
- Lindolfo era capanga, chefe dos Vigias dos Lundgrenn(2), uma família rica e poderosa, latifundiária da época, no município de Paulista, a qual humilhava e explorava trabalhadores. Essa família de poderosos criminosos eram representantes do capital. Isto já explica muito da impunidade e proteção do facínora Lindolfo, como já foi exposto, foi autor de vários assassinatos, latrocínios e de muitos outros crimes.
- Insta gizar, que o que foi narrado é apenas uma pontinha do iceberg, afinal de contas são mais de quatro séculos do famigerado latifúndio medieval instalado no Brasil(4), o qual ainda continua em pleno vapor nos tempos atuais, só que agora de maneira bem mais sutil e muitos ainda recebem apoio de bancos, apesar dos crimes cometidos. É a lei, tudo injusto porém legal.
- O segundo criminoso era de nível internacional, que por aqui aportou e por aqui ficou por mais de 30 anos, na mais total impunidade. Estamos falando do assaltante do trem pagador da Inglaterra, Ronald Bigs(3), ocorrido em 08/08/1963.
- Esse famigerado criminoso fugiu para o Brasil na década de 70, época em que governavam os generais do Exército, após um golpe de Estado.
- Em certo momento, Ronald Bigs teve uma ajudinha do STF, o qual na época (1997), os nossos ilibados ministros chegaram a conclusão que o crime já havia sido prescrito. Ronald Bigs comemorou a nobre decisão dos ministros do STF com uma festa e obviamente com grandes gargalhadas regadas a whisky contrabandeado do bom e do melhor.
- Lastimavelmente o crime realmente compensa, basta ver o cenário político após a criação da república e o atual momento político. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
- Bigs ficou por mais de trinta anos nas terras brasilienses, gozando das libras esterlinas ensanguentadas, com a proteção do Brasil e das suas leis protetivas de criminoso até 2001. Muita coisa injusta porém tudo legal.
- Em 2001, Bigs, envelhecido e doente, decidiu que queria morrer na Inglaterra e para lá corajosamente voltou. Obviamente, assim que desceu do avião, no aeroporto inglês, foi preso de imediato pelas autoridades inglesas e levado para uma prisão. O notório criminoso faleceu em 2013 com 84 anos. Para ele o crime realmente compensou e levou uma boa vida de playboy no Brasil. Pelo menos gastou as suas libras esterlinas aqui no Brasil Um sucesso total!
- Enfim, este é o Brasil de ontem e o Brasil de hoje, reino da bandidolatria e do democidio, bem diferente da historia que contam para as crianças e adolescentes nas péssimas escolas brasileiras. Qual será o nosso futuro comum, agora dentro da Nova Ordem, com o apoio de poderosas facções criminosas? Quem viver verá! Vamos que vamos e a vida que segue!
ALGUMAS REFERÊNCIAS
(2) Os Lundgren em Paulista: História de opressão e exploração dos trabalhadores
(3) Assalto ao trem pagador: a história de Ronald Biggs, que escapou da Justiça por mais de 30 anos
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